UOL


São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Michael Stipe, líder do REM, lança nos EUA coletânea com sucessos que marcaram 24 anos de carreira da banda

"Às vezes não entendo minhas canções"

FIONA STURGES
DO "INDEPENDENT"

Magricelo, expressão séria e quase completamente careca, Michael Stipe à primeira vista não tem nada de superastro. Enigmático e cultuado líder do REM, Stipe, 43, continua tão carismático e excêntrico quanto na época em que criou a banda, em Atlanta, na Geórgia, 24 anos atrás.
Entre os sucessos, que foram reunidos na coletânea "In Time: The Best of REM (1988-2003)", recém-lançada nos EUA, estão "Losing My Religion" e "Everybody Hurts", que fizeram do REM, como seus contemporâneos do U2, uma das bandas de rock mais bem-sucedidas de todos os tempos, atingindo a marca de 50 milhões de cópias vendidas.
Ao contrário de muitas das bandas concorrentes, no entanto, Stipe e seus colegas de REM, o guitarrista Peter Buck e o baixista Mike Mills, continuam a ser adorados pelos fãs e pelos críticos.
Houve, é claro, altos e baixos. Ao longo dos anos, o REM sofreu acusações por excesso de riqueza, popularidade ou por ter envelhecido. "Essa história de estadista veterano do rock me irrita", diz Stipe. "Pode acreditar, envelhecer não me incomoda, mas por que as pessoas falam tanto nisso?"
Na metade dos anos 90, devido à sua aparência, surgiram boatos malignos na indústria da música de que Stipe estaria com Aids, e ele menciona o período como "um momento seriamente ruim".
Já disseram que ele estava envolvido romanticamente com a cantora Natalie Merchant e com o ator Stephen Dorff. Por anos, Michael Stipe preferiu manter silêncio. Então, em 2001, ele se descreveu como "artista gay". "Fizeram com que eu me sentisse covarde a respeito do assunto", disse Stipe em entrevista à revista "Time" dois anos atrás.
Embora teoricamente se sinta desconfortável com a idéia de uma entrevista, Stipe fala fervorosamente sobre sua arte e se esforça para tentar expressar aquilo que o motiva. "O que faço é muito interno", diz. "Não sei o que acontece dentro de mim. Às vezes compreendo, mas há momentos em que não tenho idéia do que está rolando nem o que querem dizer minhas canções."
Ele diz que não está certo quanto ao motivo de a banda ter se mantido unida por tanto tempo. "Acho que juntos somos muito mais fortes do que separados", afirma. E, sobre sua riqueza, diz: "Tenho dinheiro bastante, mais que o bastante. É um excelente efeito colateral daquilo que fazemos. Mas não é a motivação. O que faço é meu amor, minha vida. É o que me desafia".

IN TIME: THE BEST OF REM (1983-2003). Artista: REM. Gravadora: Warner Music. Quanto: US$ 19 (cerca de R$ 54) . Onde encontrar: www.amazon.com.


Texto Anterior: Cinema: Maior cadeia de salas do país exibe hoje só filmes brasileiros a R$ 2
Próximo Texto: Nelson Ascher: Gatos escaldados
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.