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MÚSICA
Michael Stipe, líder do REM, lança nos EUA coletânea com sucessos que marcaram 24 anos de carreira da banda
"Às vezes não entendo minhas canções"
FIONA STURGES
DO "INDEPENDENT"
Magricelo, expressão séria e
quase completamente careca, Michael Stipe à primeira vista não
tem nada de superastro. Enigmático e cultuado líder do REM, Stipe, 43, continua tão carismático e
excêntrico quanto na época em
que criou a banda, em Atlanta, na
Geórgia, 24 anos atrás.
Entre os sucessos, que foram
reunidos na coletânea "In Time:
The Best of REM (1988-2003)", recém-lançada nos EUA, estão "Losing My Religion" e "Everybody
Hurts", que fizeram do REM, como seus contemporâneos do U2,
uma das bandas de rock mais
bem-sucedidas de todos os tempos, atingindo a marca de 50 milhões de cópias vendidas.
Ao contrário de muitas das bandas concorrentes, no entanto, Stipe e seus colegas de REM, o guitarrista Peter Buck e o baixista Mike Mills, continuam a ser adorados pelos fãs e pelos críticos.
Houve, é claro, altos e baixos.
Ao longo dos anos, o REM sofreu
acusações por excesso de riqueza,
popularidade ou por ter envelhecido. "Essa história de estadista
veterano do rock me irrita", diz
Stipe. "Pode acreditar, envelhecer
não me incomoda, mas por que as
pessoas falam tanto nisso?"
Na metade dos anos 90, devido
à sua aparência, surgiram boatos
malignos na indústria da música
de que Stipe estaria com Aids, e
ele menciona o período como
"um momento seriamente ruim".
Já disseram que ele estava envolvido romanticamente com a
cantora Natalie Merchant e com o
ator Stephen Dorff. Por anos, Michael Stipe preferiu manter silêncio. Então, em 2001, ele se descreveu como "artista gay". "Fizeram
com que eu me sentisse covarde a
respeito do assunto", disse Stipe
em entrevista à revista "Time"
dois anos atrás.
Embora teoricamente se sinta
desconfortável com a idéia de
uma entrevista, Stipe fala fervorosamente sobre sua arte e se esforça para tentar expressar aquilo
que o motiva. "O que faço é muito
interno", diz. "Não sei o que acontece dentro de mim. Às vezes
compreendo, mas há momentos
em que não tenho idéia do que está rolando nem o que querem dizer minhas canções."
Ele diz que não está certo quanto ao motivo de a banda ter se
mantido unida por tanto tempo.
"Acho que juntos somos muito
mais fortes do que separados",
afirma. E, sobre sua riqueza, diz:
"Tenho dinheiro bastante, mais
que o bastante. É um excelente
efeito colateral daquilo que fazemos. Mas não é a motivação. O
que faço é meu amor, minha vida.
É o que me desafia".
IN TIME: THE BEST OF REM (1983-2003). Artista: REM. Gravadora: Warner
Music. Quanto: US$ 19 (cerca de R$ 54) .
Onde encontrar: www.amazon.com.
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