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MÚSICA
Divisão por palcos prejudica quem gostaria de assistir a muitas atrações e leva público a viajar para Buenos Aires
Estrutura de festival encarece ingressos
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
The Libertines: R$ 60. Primal
Scream: R$ 80. Kraftwerk: R$ 80.
Brian Wilson: R$ 120. 2ManyDJs:
R$ 40. Pet Shop Boys: R$ 40. Para
quem gosta de música pop, o Tim
Festival é um prato bem servido
-mas a conta vem salgada. Num
roteiro simples, excluindo-se os
jazzistas, quem quiser assistir aos
artistas citados, em três dias de
evento (entre sexta e domingo),
terá que desembolsar R$ 420.
O valor é alto e conseqüência da
estratégia de estruturação do festival: são quatro programas (Tim
Stage, Tim Lab, Tim Club, Motomix) divididos em três palcos. Para cada programa, é preciso comprar ingresso separado.
Muitos que gostariam de assistir
à maioria das atrações tiveram
que se contentar com apenas um
ou outro programa; outros encontraram solução um pouco
mais além: em Buenos Aires.
Simultaneamente ao Tim, nos
dias 5 e 6, acontece na capital argentina o Personal Fest, que receberá muitos dos artistas que passam pelo Brasil, como Primal
Scream e PJ Harvey, e outros que
estarão apenas lá, como Morrissey e Blondie (é bom ressaltar que
Brian Wilson, Kraftwerk e Libertines estarão apenas por aqui...).
Dividido em cinco palcos, mas
com um ingresso dando direito a
todos eles, o evento portenho levará muitos brasileiros a Buenos
Aires. "O preço aqui é muito alto.
Lá paguei R$ 100 para assistir aos
dois dias do festival. Por esse preço, no Brasil, eu conseguiria ir a
apenas um ou dois palcos", diz o
produtor fotográfico Douglas Cometti, 32, que embarca hoje para a
Argentina. "Além de ter o Morrissey, a gente aproveita a oportunidade para comprar um pacote de
viagem, e não sai caro", afirma
André Fiori, 40, comerciante.
Com uma bagagem de quase 20
anos (desde 1985, antes como
Free Jazz) de relativo sucesso tanto de crítica como de público, a
organização do evento refuta a tese de que o Tim Festival seja caro.
"Outros festivais apostam muito mais no entretenimento do que
na música. No Tim, nossa preocupação é outra. O maior palco tem
capacidade para 4.000 lugares. Os
artistas são caros, não podemos
abrir mão da receita com bilheteria", diz Carlos Martins, 49, da
produtora Dueto, responsável pela infra-estrutura do Tim Festival.
"Nesse festival de Buenos Aires,
eles esperam 50 mil pessoas. Mas
vem escrito no ingresso: "Sujeito a
lotação". Quer dizer, você corre o
risco de não conseguir assistir a
um artista que queira ver. Teve artista, como Brian Wilson e Kraftwerk, que não gostaram dessa filosofia, por isso não vão tocar lá.
Isso não acontece no Tim", afirma Martins. Segundo ele, o evento não recebe incentivo fiscal.
"Temos outra filosofia. Aqui temos três salas, com quatro programações. São em média de 13
mil pessoas por dia. Nós respeitamos o público, as pessoas que
realmente querem ver o artista."
A estrutura do Tim Festival não
deve mudar. Há planos de o evento, anual, acontecer simultaneamente no Rio de Janeiro e em São
Paulo (atualmente a estratégia é
alternar o festival como um todo
entre as duas cidades). "Entendemos que estamos num tamanho
limite. Se aumentarmos, descaracteriza o evento. Talvez façamos
até mais um palco ou daremos espaço para outro gênero musical",
afirma Martins.
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