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33ª MOSTRA DE SP
Produtora "caça-talentos" tem dois filmes na Mostra
Sara Silveira, que lançou diretores como Beto Brant e Laís Bodanzky, fez a produção de vencedor do Festival do Rio
Responsável por emplacar diversos filmes em festivais internacionais chama a atenção de empresas como a Warner e a Globofilmes
ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sara Silveira, 59, menos de
1,60 metro de altura, voz grave
e jeitão despachado, não atravessa uma só semana sem que
um jovem a assedie. Eles surgem de todos os lados. Escrevem e-mails, telefonam e mandam roteiros. Muitos roteiros.
"São, pelo menos, dois ou três
por semana", diz ela, com discreta vaidade.
É que Silveira, um pouco por
sina, mas muito por tino, tornou-se a principal produtora de
diretores estreantes do cinema
brasileiro. É também a que
mais emplaca filmes em festivais internacionais -de Cannes a Veneza, passando por Locarno e Biarritz.
Na mostra, são dois os títulos
presentes, "Os Famosos e os
Duendes da Morte", estreia de
Esmir Filho, e "Insolação", primeiro longa-metragem de Felipe Hirsch, feito em parceria
com Daniela Thomas.
Ao agradecer o prêmio para
"Os Famosos...", vencedor do
Festival do Rio, em outubro, fez
piada com o próprio papel. Tirou o troféu das mãos de Filho:
"Esse prêmio não é teu, não. É
do produtor. Tem que avisar, se
não os guris vão pegando",
brincou, para diversão da plateia. Seus discursos, regados a
ironias e cutucões, e as cartas
que escreve, sobretudo para desenrolar a burocracia governamental, já ficaram famosos.
Silveira parece viver de acordo com a máxima da água mole
em pedra dura. De que outra
maneira se explica que tenha
cabido a uma mesma pessoa a
produção dos primeiros filmes
de Beto Brant ("Ação Entre
Amigos"), Laís Bodanzky ("Bicho de Sete Cabeças"), Anna
Muylaert ("Durval Discos"),
Marcelo Gomes ("Cinema, Aspirinas e Urubus") e Marina
Person ("Person")? "Trabalho
duro", responde, certeira.
Hoje, seus feitos chamam a
atenção da Warner, coprodutora de "Os Famosos...", e da Globofilmes, com quem fará "O Escaravelho do Diabo". Mas nem
sempre foi assim. Quando, por
insistência do diretor Carlos
Reichembach, seu sócio e
"mentor", abriu a Dezenove
Som e Imagem, o cinema estava desfalecido.
"Tanto que o Carlão disse pra
gente abrir uma empresa de
música", diz. Vem daí o aposto
"Som e Imagem" pregado ao
nome da empresa. "A gente não
sabia o que ia fazer. Mas sabia
que ia contar a história do nosso país." A numerologia ajuda a
medir os resultados. Em 2010, a
Dezenove faz 19 anos e deve
concluir o 19º longa.
Antes da empresa, trabalhou
como diretora de produção em
mais de cem filmes. Já estudara
direito em Porto Alegre e cursara a Escola de Altos Estudos
Jurídicos da Sorbonne, na
França. Mas, para desapontamento do pai, em vez de concluir o mestrado, passou um
ano e meio viajando por Grécia,
Turquia, Irã, Índia e Tailândia.
No Brasil, trabalhou numa
editora, na Bahia, mas decidiu
ir a São Paulo fazer cinema. Debutou como assistente de produção em "Nasce uma Mulher"
(1982), de Roberto Santos."
O sonho do cinema surgiu na
infância, numa cabine de projeção. "Tinha um primo que trabalhava como projecionista. Ficava lá e, quando a fita quebrava, ajudava a colar os pedaços.
Ao entrar num set, percebi que
estava fazendo parte do que via
na tela e me fascinava." Assim,
passou a tornar possível o nascimento de outros cinemas.
OS FAMOSOS E OS DUENDES
DA MORTE
Quando: hoje, às 15h, na Faap, e às
19h40, no Espaço Unibanco Pompeia
Classificação: 14 anos
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