São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009

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33ª MOSTRA DE SP

Produtora "caça-talentos" tem dois filmes na Mostra

Sara Silveira, que lançou diretores como Beto Brant e Laís Bodanzky, fez a produção de vencedor do Festival do Rio

Responsável por emplacar diversos filmes em festivais internacionais chama a atenção de empresas como a Warner e a Globofilmes

ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sara Silveira, 59, menos de 1,60 metro de altura, voz grave e jeitão despachado, não atravessa uma só semana sem que um jovem a assedie. Eles surgem de todos os lados. Escrevem e-mails, telefonam e mandam roteiros. Muitos roteiros.
"São, pelo menos, dois ou três por semana", diz ela, com discreta vaidade. É que Silveira, um pouco por sina, mas muito por tino, tornou-se a principal produtora de diretores estreantes do cinema brasileiro. É também a que mais emplaca filmes em festivais internacionais -de Cannes a Veneza, passando por Locarno e Biarritz.
Na mostra, são dois os títulos presentes, "Os Famosos e os Duendes da Morte", estreia de Esmir Filho, e "Insolação", primeiro longa-metragem de Felipe Hirsch, feito em parceria com Daniela Thomas.
Ao agradecer o prêmio para "Os Famosos...", vencedor do Festival do Rio, em outubro, fez piada com o próprio papel. Tirou o troféu das mãos de Filho: "Esse prêmio não é teu, não. É do produtor. Tem que avisar, se não os guris vão pegando", brincou, para diversão da plateia. Seus discursos, regados a ironias e cutucões, e as cartas que escreve, sobretudo para desenrolar a burocracia governamental, já ficaram famosos.
Silveira parece viver de acordo com a máxima da água mole em pedra dura. De que outra maneira se explica que tenha cabido a uma mesma pessoa a produção dos primeiros filmes de Beto Brant ("Ação Entre Amigos"), Laís Bodanzky ("Bicho de Sete Cabeças"), Anna Muylaert ("Durval Discos"), Marcelo Gomes ("Cinema, Aspirinas e Urubus") e Marina Person ("Person")? "Trabalho duro", responde, certeira.
Hoje, seus feitos chamam a atenção da Warner, coprodutora de "Os Famosos...", e da Globofilmes, com quem fará "O Escaravelho do Diabo". Mas nem sempre foi assim. Quando, por insistência do diretor Carlos Reichembach, seu sócio e "mentor", abriu a Dezenove Som e Imagem, o cinema estava desfalecido.
"Tanto que o Carlão disse pra gente abrir uma empresa de música", diz. Vem daí o aposto "Som e Imagem" pregado ao nome da empresa. "A gente não sabia o que ia fazer. Mas sabia que ia contar a história do nosso país." A numerologia ajuda a medir os resultados. Em 2010, a Dezenove faz 19 anos e deve concluir o 19º longa.
Antes da empresa, trabalhou como diretora de produção em mais de cem filmes. Já estudara direito em Porto Alegre e cursara a Escola de Altos Estudos Jurídicos da Sorbonne, na França. Mas, para desapontamento do pai, em vez de concluir o mestrado, passou um ano e meio viajando por Grécia, Turquia, Irã, Índia e Tailândia.
No Brasil, trabalhou numa editora, na Bahia, mas decidiu ir a São Paulo fazer cinema. Debutou como assistente de produção em "Nasce uma Mulher" (1982), de Roberto Santos."
O sonho do cinema surgiu na infância, numa cabine de projeção. "Tinha um primo que trabalhava como projecionista. Ficava lá e, quando a fita quebrava, ajudava a colar os pedaços.
Ao entrar num set, percebi que estava fazendo parte do que via na tela e me fascinava." Assim, passou a tornar possível o nascimento de outros cinemas.


OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE
Quando:
hoje, às 15h, na Faap, e às 19h40, no Espaço Unibanco Pompeia
Classificação: 14 anos



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