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TEATRO-DANÇA ANÁLISE
Bausch é forma híbrida de convergência da arte
CARLOS GARDIN
especial para a Folha, em Wuppertal
A coreógrafa e bailarina Pina
Bausch, aos 58 anos e pelos menos
25 de teatro-dança, com sua obra
de arte pode, com certeza, ser considerada uma das maiores artistas
do nosso século.
Nesse instante da sua grandiosa
carreira, em que sua marca de linguagem influencia as artes cênicas
de todo o mundo, ela atinge seu
ápice na busca obsessiva da perfeição e afirma que, se não pode fazer
rir aos outros, o seu trabalho não
faz sentido.
Wuppertal, cidade alemã que
subvenciona a companhia de
Bausch, transformou-se em outubro no centro mundial das artes
cênicas para a celebração dos 25
anos do teatro-dança de Pina
Bausch. No evento, artistas de vários países compareceram para
prestar seu tributo à bailarina.
O melhor da festa, porém, ficou a
cargo da homenageada, que ofereceu uma retrospectiva do seu trabalho em Wuppertal, apresentando oito das suas coreografias.
Em uma delas, "O Limpador de
Vidraças", o estilo criado por
Bausch é levado à perfeição. Assim
é Pina Bausch e sua encenação. Ela
não busca mais o movimento, mas
a razão deles existirem daquela
forma. Seu processo é pedir aos
atores/bailarinos a pesquisa do cotidiano nas cidades que se apresentam. Através do improviso retira o
material necessário.
Pina Bausch não é apenas coreógrafa. É encenadora e conta com a
ajuda do cenógrafo Peter Pabst.
Sua dança é uma forma híbrida
formada da convergência de todos
os elementos. Há ousadia na sua
ação. Cerca a simplicidade da vida
que é absurda, trágica, cruel e carregada de poesia. Nessa busca encontra o minimalismo. A repetição
das estruturas, das formas, do sentido. A síntese.
Pina Bausch busca a perfeição
que está na simplicidade da síntese. Mas a síntese só é encontrada
na exatidão. A exatidão revela, no
seu ato exato, que a síntese se faz
na diversidade, na pluralidade. A
cena de Bausch parece querer demonstrar que o caminho da arte
está na diversidade. Na aceitação
do contrário. Na convivência, na
diferença. Assim seja!
²
Carlos Gardin é doutor em Comunicação e Semiótica, professor do Departamento de Jornalismo da PUC-SP e diretor de teatro.
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