DA SUCURSAL DO RIO

Charles Gavin diz que sempre pede ajuda a quem "entende bastante do assunto". Se o assunto da nova coleção eram trilhas de programas de TV, o pedido recaiu logo sobre Valdir Siqueira, 56, um dos maiores colecionadores do ramo. Ele emprestou a Gavin parte das capas e deu informações.
"Eu coleciono jovem guarda, bossa nova, um pouco de tudo. Mas tenho muitos discos de novelas, porque são uma espécie de revista do que foi sucesso naquele ano. Como não temos mais a "Revista do Rádio" ou uma parecida para a TV, as trilhas funcionam como um documento", diz Siqueira.
Ele conta que, aos 12 anos, já anotava as músicas que queria ter em casa. "Eu pensava: "ainda vou ter isso'", lembra.
Aos 19, começou a gastar parte de seu salário para realizar o sonho. "Hoje, acho que tenho 90% daquilo que eu desejava", calcula ele, dono de uma coleção de 20 mil vinis e mais de 6.000 CDs.
Siqueira nunca foi abastado. Trabalhou e se aposentou como técnico de telefonia, mora em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Isso não o impediu de fazer loucuras como pagar R$ 500 pelo LP "Gerson King Combo e a Turma do Soul", de 1970. "É muito raro", justifica.
Nas estantes das novelas, ele se orgulha de ter alguns discos bastante cobiçados, como "Pigmalião 70" (1970), "O Rebu" e o compacto triplo (seis faixas) de "Escrava Isaura". "Já vi esse compacto por R$ 300 em feiras", conta ele, que não perde a feira trimestral da rua Augusta, em São Paulo.
Embora diga não ser daqueles que têm obsessão pelo barulhinho da agulha, ele reconhece que há o "fetiche do vinil" e, portanto, o relançamento das trilhas em CD não enfraquecerá a busca dos colecionadores por LPs originais.
No momento, Siqueira está atrás de "Eu Prometo - Internacional" (1984), que deixou de comprar um dia por lapso. "É uma das poucas que eu não tenho", conta.


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