São Paulo, segunda, 4 de janeiro de 1999

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Godzilla

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

Muito dinheiro por nada. Ou quase nada. Porque alguém pode argumentar que o bichão criado para o filme é até bem legal, ou que uma cena qualquer traga alguma boa idéia embutida. Pode ser, mas ainda é muito pouco. "Godzilla", a versão hollywoodiana do monstro japonês, é um desperdício de dinheiro proporcional ao tamanho do astro principal.
A dupla Roland Emmerich (direção) e Dean Devlin (produção), coberta de glórias pelo faturamento arrasa-quarteirão da aventura futurista e medíocre "Independence Day", tinha tudo nas mãos: orçamento milionário e um personagem mais do que testado e aprovado -Godzilla, monstrão criado em 1954 pelo cineasta japonês Inoshiro Honda e estrela de mais de 30 filmes de sucesso.
Para ajudar, uma megacampanha publicitária, com alguns trailers bem espertos, e todo o apoio de vários setores da indústria loucos para lucrar com o filme (games, quadrinhos, brinquedos, material de papelaria...).
A história? Bem, todos já sabiam mais ou menos como seria. O monstro ataca Nova York e destrói quase tudo, até que um grupo de bravos heróis consegue encontrar uma forma de parar o avanço do gigante cuspidor de fogo.
O problema é que Emmerich e Devlin não gastaram um pingo de fosfato para incrementar esse roteiro. Pior. Fizeram tudo da forma mais indigente possível, com personagens rasteiros, sem nenhuma construção de clímax. Quando há alguma idéia, como o fato de Godzilla ser fêmea e dar à luz a monstrinhos, é constrangedora, infantil.
Algumas aparições do monstro são visualmente boas, dando de goleada em qualquer exemplar japonês da filmografia do réptil. As imagens submarinas de Godzilla, com seu jeito sinuoso dentro da água, são bem charmosas.
Mas as derrapadas do roteiro esquálido são comprometedoras. Dá pena ver um ótimo ator como o francês Jean Reno (de "Ronin") envolvido num projeto tão ingrato aos personagens humanos.
"Godzilla" deveria ir direto para a prateleira "infantil" das locadoras. Não que as crianças mereçam, mas só com o jeito naturalmente dispersivo delas é possível acompanhar um filme assim.
²


Filme: Godzilla Produção: EUA, 1988 Direção: Roland Emmerich Com: Jean Reno, Matthew Broderick Lançamento: Columbia




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