São Paulo, #!L#Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2000


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TEATRO
Dirigido por Marco Antônio Braz, o Círculo dos Comediantes estréia peça de Nelson Rodrigues em SP
"Bonitinha" traz herói com caráter

free-lance para a Folha


Não foi à toa que o Círculo dos Comediantes teve sua gênese no Rio com "Beijo no Asfalto", em 90, antes de chegar a São Paulo, um ano depois, para fixar território. Desde então, Nelson Rodrigues (1912-1980) se tornou uma espécie de farol e sombra para o grupo.
"Ele funciona como um óculos para apreender a realidade e a poética do brasileiro, que vamos encontrar ao longo de toda a sua obra", explica o diretor MarcoAntônio Braz, 35. Os Comediantes da vez retornam ao dramaturgo com "Bonitinha mas Ordinária", em cartaz a partir de hoje no teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo.
Na sua quinta incursão pelo universo rodriguiano, Braz coloca em cena o mito do herói com caráter. Trata-se da história de Edgar, homem de origem humilde que é submetido a uma provação: aceitar, ou não, um cheque de R$ 5 milhões para se casar com a filha rica do patrão. Vítima de estupro, a moça é obrigada a aceitar um marido às pressas para escapar do moralismo estanque da sociedade.
A tragédia carioca do autor, como classificou o crítico Sábato Magaldi, faz o personagem refletir sobre os valores humanos. Ele passa boa parte da peça ruminando a sentença "Mineiro só é solidário no câncer", que Nelson Rodrigues jura ter ouvido do escritor Otto Lara Resende, apesar de este jamais confirmar.
Braz, que conquistou reconhecimento da crítica a partir de "Perdoa-me Por Me Traíres" (94), procura dar uma dimensão filosófica à nova montagem. O palco diminuto do teatro de Arena serve, por exemplo, como metáfora da "caverna" de Platão. "É justamente na escuridão que surgem as piores tentações", explica o encenador.
"Bonitinha" lida com morte e amor, temas recorrentes em Nelson Rodrigues. "Mas o que acaba prevalecendo é a positividade, representada aqui pela cena final de Ritinha (Patrícia Gordo) e Edgar (Maurício Marques), quando o nascer do sol simboliza a própria humanidade", descreve Braz.
O elenco de 20 atores traz a participação especial do casal Antônio Petrin ("Barrela") e Rosália Petrin. (VALMIR SANTOS)


Peça: Bonitinha mas Ordinária Autor: Nelson Rodrigues Direção: Marco Antônio Braz Com: grupo Círculo dos Comediantes (Carolina Autran, Alejandra Sampaio, Virgínia Buckowski, Paulo Campos, Mariana Mallaman e outros)
Quando: estréia hoje, 21h; qui. a sáb., 21h; dom., 20h.
Onde: teatro de Arena Eugênio Kusnet (r. Teodoro Baima, 94, Centro, tel. 0/xx/ 11/256-9463)
Quanto: R$ 16 (amanhã e dom., campanha de popularização a R$ 1)


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