São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA COMÉDIA ROMÂNTICA

Tambellini acerta em gênero pouco usual no cinema brasileiro

A comédia romântica "Malu de Bicicleta" não se deseja profunda, mas tampouco apela ao humor escrachado

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Produtor com longuíssima ficha de serviços prestados ao cinema brasileiro, Flávio Tambellini ainda não tinha conseguido, como cineasta, encontrar sua própria voz -no caso, a própria câmera.
Os dois primeiros longas-metragens do diretor, "Buffo e Spallanzani" (2001) e "O Passageiro - Segredos de Adulto" (2006) tiveram recepção morna e não pareciam preconizar a constituição de uma obra, no sentido autoral do termo.
Mas eis que Tambellini, ao 59 anos de idade e com um orçamento mínimo, de R$ 1,3 milhão, a seu dispor, conseguiu acertar a mão.
"Malu de Bicicleta", que tem como ponto de partida o livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva ("Feliz Ano Velho"), vem preencher uma lacuna da produção brasileira: a dos filmes leves, mas não necessariamente rasos, a dos filmes românticos que se querem, apenas, mais uma história de amor.

RISO E MELANCOLIA
A sinopse de "Malu de Bicicleta" se prestaria a qualquer comédia romântica de Meg Ryan e companhia. A trama, basicamente, acompanha o encontro entre o paulistano Luiz Mário (Marcelo Serrado), empresário da noite, mulherengo inveterado, e a carioca Malu (Fernanda de Freitas), dona de espírito livre e ar moleque.
Os dois se trombam quando ela, andando de bicicleta pelo Leblon, quase atropela o namoradeiro que, mal o filme começa, descobrimos em crise existencial.
Com esses ingredientes básicos à disposição, Tambellini compõe uma narrativa que, a partir dos tiques sociais dos personagens, nos dá um pequeno retrato do amor nos tempos da velocidade. Mesmo quando decide se entregar, o "paulista" tropeça nas armadilhas de seu estilo de vida.
Mas a Tambellini não interessa a averiguação psicanalítica dolorida. O que ele faz é brincar com os clichês amorosos, é rir com certa melancolia. E como o encontro entre os atores Serrado e Freitas funcionou, funcionam também os diálogos entre eles.
Apesar dessa "química", as cenas mais engraçadas se dão quando a tela é ocupada pelos atores que o diretor foi pegar nos palcos.
O trio de seguranças vivido por Thelmo Fernandes -que repisa o bordão "Trair antes de ser traído"-, Marcos Cesana (1966-2010) e Otávio Martins é atrativo à parte.
A cena que eles protagonizam com a atriz Maria Manoella resume o ar que Tambellini quis imprimir a essa história de amor: temos todos um quê de patéticos quando o assunto é paixão.

MALU DE BICICLETA

DIREÇÃO Flávio Tambellini
PRODUÇÃO Brasil, 2010
COM Marcelo Serrado, Fernanda de Freitas, Marjorie Estiano
ONDE nos cines Livraria Cultura, Frei Caneca Unibanco, Jardim Sul e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom


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