São Paulo, quarta, 4 de fevereiro de 1998

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MÚSICA
Formato "ao vivo" toma o mercado

Reprodução
Gilberto Gil e Lulu Santos, parceiros em 'Quanta Gente Veio Ver'


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

O mercado de discos ao vivo pulula no Brasil dos 90. "Quanta Gente Veio Ver", de Gilberto Gil, vem suceder "Quanta" (97), como "Fina Estampa ao Vivo" (Caetano Veloso, 95) sucedeu "Fina Estampa" (94), "Circuladô Vivo" (idem, 92) se seguiu a "Circuladô" (91), "Bebadachama" (Paulinho da Viola, 97) continuou "Bebadosamba" (96)...
O setor constituiu, em 97, veio forte de mercado. Vários "ao vivo" estão entre os mais vendidos do ano: os acústicos de Titãs (1,3 milhão) e Gal (400 mil), CDs de Banda Eva (1,3 milhão), Cheiro de Amor (800 mil), Chiclete com Banana (400 mil), Fábio Jr. (650 mil).
"Quando bem cuidados, são os discos que mais têm calor", justifica Max Pierre, diretor artístico da PolyGram, dona dos passes de Caetano, Cássia Eller, Netinho, Banda Eva e Cheiro de Amor. "Acho que essa tendência de mercado se deve ao sucesso de produtos como os de Netinho, Banda Eva e Cheiro de Amor."
Outros despistam. O diretor artístico da WEA (que tem Gil sob contrato), Paulo Junqueiro, não entrelaça o sucesso que a casa obteve com o "Acústico MTV" dos Titãs ao terceiro "Quanta" (antes, saíram o disco duplo e a versão resumida, simples -que venderam, juntos, 200 mil cópias).
"Esse projeto surgiu da grande vontade que o Gil tinha de registrar a turnê de 'Quanta'. Seu lançamento não tem relação com a boa vendagem dos Titãs", diz.
"Em geral, nós sugerimos ao artista. Para fazer um ao vivo, é necessário que ele tenha sucessos suficientes -funciona quase como uma compilação", afirma Pierre.
"O artista precisa ter um repertório, uma carreira, anos de estrada, tradição de espetáculo", prescreve o diretor artístico da BMG, Jorge Davidson, seguindo a linha do concorrente da PolyGram.
Ambos referem-se ao cenário dos últimos anos. O padrão "semicompilação", se se analisar uma cronologia brasileira (leia texto abaixo), é fenômeno recente.
A exigência de lastro anterior ao artista, professada pelos homens de gravadora, conhece exceções. Marisa Monte e Chico César, artistas bem-sucedidos nos 90, estrearam suas carreiras com álbuns gravados ao vivo. "São casos específicos. Para a gravadora, o artista tem de ter estrada, saber tocar direito", diz Junqueiro.
Na contramão do grande mercado, CDs ao vivo ainda são alternativa a artistas independentes -como era o Chico César de "Aos Vivos" (95) e é Titane, que se fez notar com "Inseto Raro" (96).
"Hoje temos condições de fazer coisas tão programadas que gravar tudo no palco pode guardar um dado novo", opina a cantora.



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