|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FESTIVAL
"Tribos Eletrônicas" traz DJs e nomes importados de outros gêneros
Evento dá cara à música
eletrônica "made in Brazil"
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
A diversidade do cenário eletrônico brasileiro chega ao palco em
sua versão mais madura e consistente. Começa hoje o minifestival
"Tribos Eletrônicas", no Sesc Vila
Mariana, em São Paulo, com o trabalho de DJs, produtores e cantores. É o quem é quem da novíssima
produção nacional.
Três vertentes dão cara ao evento. A primeira é o caráter de música eletrônica feita ao vivo, com
possibilidades para a improvisação e a criação, contra o preconceito/chavão de que o gênero é uma
fria "música de computador".
Depois, convidados importados
de outras searas musicais tiram a
programação do gueto underground, incluindo artistas de alcance pop como Daúde, Arnaldo
Antunes e Marcelo D2, que canta
hoje com o Monoaural e Moreno
Veloso, filho de Caetano.
A outra ponta são as feições brasileiras emprestadas à linguagem
eletrônica -universal e contemporânea por excelência. Timbres,
instrumentos, samples (trechos
extraídos de outras músicas), ritmos e referências à cultura popular
brasileira servem para personalizar a "electronic made in Brazil".
"Primeiro são as batidas, feitas à
mão ou "filtradas". Depois é o jeito
de cantar, de brincar com o ritmo.
A melodia também é muito boa;
quanto mais a música é dividida,
mais ela se encaixa", diz Otto, que
traz do mangue beat o acento para
sua música moderna.
Outro que se encanta com a "brasilidad", e já não é de hoje, é o instrumentista João Parahyba. "Provavelmente sou o primeiro percussionista a flertar com o eletrônico.
Mexo com isso desde o álbum
"Prisma", de 84."
Ele comemora 30 anos de carreira com uma apresentação com o
produtor iugoslavo Mitar Subotic,
o Suba. Pesquisador de ritmos brasileiros, Suba deu de cara com João
há cinco anos e este show resume o
trabalho desde então. "Não chamo
nem de eletrônico nem de acústico. Chamo de reprocessado. Uso
timbres eletrônicos e acústicos
transformados pelo Suba num
som atual, acentuando os ritmos
brasileiros", diz Parahyba.
"Como os portugueses deixaram
a miscigenação acontecer no Brasil, viramos uma linguagem universal. O ritmo não tem fronteiras", empolga-se o percussionista.
E ele tem razão. Tanto que, entre
as estrelas do evento estão o DJ
Marky Mark, o grande nome do
Brasil "lá fora", e o DJ Mau Mau,
que se apresenta hoje com seu grupo, o M4J.
O show traz as músicas do CD
"Brazil Electronic Experience",
com batidas e timbres de samba se
misturando ao estilo de tecno e
house music que fizeram a fama de
Mau Mau como "o melhor DJ do
Brasil" e levaram suas faixas às pistas de conceituados DJs internacionais, como a do inglês Carl Cox.
Texto Anterior: Filmes e TV Paga Próximo Texto: DJ Marky Mark conquista ingleses Índice
|