São Paulo, Quinta-feira, 04 de Fevereiro de 1999
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FESTIVAL
"Tribos Eletrônicas" traz DJs e nomes importados de outros gêneros
Evento dá cara à música eletrônica "made in Brazil"

ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

A diversidade do cenário eletrônico brasileiro chega ao palco em sua versão mais madura e consistente. Começa hoje o minifestival "Tribos Eletrônicas", no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, com o trabalho de DJs, produtores e cantores. É o quem é quem da novíssima produção nacional.
Três vertentes dão cara ao evento. A primeira é o caráter de música eletrônica feita ao vivo, com possibilidades para a improvisação e a criação, contra o preconceito/chavão de que o gênero é uma fria "música de computador".
Depois, convidados importados de outras searas musicais tiram a programação do gueto underground, incluindo artistas de alcance pop como Daúde, Arnaldo Antunes e Marcelo D2, que canta hoje com o Monoaural e Moreno Veloso, filho de Caetano.
A outra ponta são as feições brasileiras emprestadas à linguagem eletrônica -universal e contemporânea por excelência. Timbres, instrumentos, samples (trechos extraídos de outras músicas), ritmos e referências à cultura popular brasileira servem para personalizar a "electronic made in Brazil".
"Primeiro são as batidas, feitas à mão ou "filtradas". Depois é o jeito de cantar, de brincar com o ritmo. A melodia também é muito boa; quanto mais a música é dividida, mais ela se encaixa", diz Otto, que traz do mangue beat o acento para sua música moderna.
Outro que se encanta com a "brasilidad", e já não é de hoje, é o instrumentista João Parahyba. "Provavelmente sou o primeiro percussionista a flertar com o eletrônico. Mexo com isso desde o álbum "Prisma", de 84."
Ele comemora 30 anos de carreira com uma apresentação com o produtor iugoslavo Mitar Subotic, o Suba. Pesquisador de ritmos brasileiros, Suba deu de cara com João há cinco anos e este show resume o trabalho desde então. "Não chamo nem de eletrônico nem de acústico. Chamo de reprocessado. Uso timbres eletrônicos e acústicos transformados pelo Suba num som atual, acentuando os ritmos brasileiros", diz Parahyba.
"Como os portugueses deixaram a miscigenação acontecer no Brasil, viramos uma linguagem universal. O ritmo não tem fronteiras", empolga-se o percussionista.
E ele tem razão. Tanto que, entre as estrelas do evento estão o DJ Marky Mark, o grande nome do Brasil "lá fora", e o DJ Mau Mau, que se apresenta hoje com seu grupo, o M4J.
O show traz as músicas do CD "Brazil Electronic Experience", com batidas e timbres de samba se misturando ao estilo de tecno e house music que fizeram a fama de Mau Mau como "o melhor DJ do Brasil" e levaram suas faixas às pistas de conceituados DJs internacionais, como a do inglês Carl Cox.


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