São Paulo, Quinta-feira, 04 de Fevereiro de 1999
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RELÂMPAGOS
Fidelidade canina

JOÃO GILBERTO NOLL

A baleeira sairia no fim da manhã. Eu embarcaria para não voltar. Faria votos de fidelidade canina ao novo lugar que jamais deveria deixar, mesmo que, se enfermo, lá não encontrasse recursos. Esperavam que me aferrasse a esse destino. Não como uma preparação para correr ao encontro de uma outra geografia. Lá precisaria permanecer até morrer, só isso. Enquanto aguardava a hora, fui me despedir das coisas por ali, largadas ao relento, como se faltasse coragem para usá-las. No topo do morro vi a baleeira que me levaria se aproximando do cais. Dia parado, as águas pareciam coaguladas.


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