São Paulo, Quinta-feira, 04 de Fevereiro de 1999
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INCENTIVO
Empréstimos serão concedidos pelo BNDES e Banco do Brasil e subsidiados pelo MinC
Governo abre nova linha de crédito

ROGÉRIO GENTILE
em Brasília

Os 65 filmes brasileiros que estão em fase de finalização vão ter preferência na obtenção de créditos da linha de financiamento que será aberta pelo governo em março para auxiliar o cinema nacional. Os empréstimos serão concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e pelo Banco do Brasil, com juros subsidiados pelo Ministério da Cultura. O financiamento é a primeira parte da estratégia desenvolvida pelo ministério para buscar a retomada dos investimentos nas produções brasileiras, que caíram em 98, apesar dos incentivos fiscais dados aos patrocinadores. "Com o filme concluído, o patrocinador vai ver o resultado do marketing cultural e terá um estímulo para fazer novos investimentos no setor", disse José Álvaro Moisés, novo secretário para o Desenvolvimento do Audiovisual do MinC. A segunda parte da estratégia, segundo o secretário, será a adoção de uma política agressiva de exportação dos filmes nacionais. "Em países como China e Portugal, as novelas brasileiras fazem um enorme sucesso. Os nossos filmes também podem fazer. Há uma massa de produção recente que pode ser vendida nesses mercados relativamente virgens", disse Moisés. Segundo ele, as embaixadas brasileiras vão intermediar contatos com os distribuidores locais para colocar as produções do país. De acordo com o ministro Francisco Weffort (Cultura), o agravamento da crise não deve prejudicar o cinema brasileiro. "As leis de incentivos são recentes. Muitas empresas podem começar a investir. Ainda que o nível geral da atividade econômica sofra uma redução, o montante global dos investimentos pode subir se mais empresas forem cativadas", disse o ministro. No ano passado, um terço dos R$ 160 milhões de renúncia fiscal previstos para a cultura no Orçamento não foi utilizado. Para 99, o governo fixou em R$ 320 milhões o teto da renúncia fiscal. Com a crise, porém, já admite que, se conseguir R$ 200 milhões, os investimentos estarão de bom tamanho. Em 98, os investimentos no cinema nacional tiveram uma queda de 30% em relação a 97. Até então, o crescimento da produção brasileira estava baseado substancialmente nos incentivos fiscais oferecido aos patrocinadores pela Lei do Audiovisual e pela Lei Rouanet. Quem investe em produções de cinema é isento em até 4% em seu Imposto de Renda (com os benefícios das duas leis). Com a crise econômica, houve uma retração nos investimentos em consequência já da redução nas perspectivas de lucro, pressuposto para o desconto no IR. Segundo o ministro Weffort, a crise não foi o fator principal que contribuiu para a queda dos investimentos. "Em 98 houve a Copa do Mundo e a eleição. Os recursos foram deslocados para esses setores", disse.

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