UOL


São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MODA

Guerra, futurismo e burguesia marcam os temas dos desfiles da temporada européia de outono-inverno 2003/2004

Novos valores entram em cena em Milão

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A MILÃO

A moda muda em Milão. Com os desfiles da temporada européia de outono-inverno 2003/2004, entram em cena novos valores, mais uma vez sob o comando das poderosas grifes Prada e Gucci. Elas apresentaram suas interpretações para estes tempos tão ansiosos e difíceis para o mundo.
A resposta da Prada às dificuldades de 2003 são a beleza e o luxo. A imagem de uma bela mulher que toma emprestado peças do guarda-roupa masculino e as envolve com moderna nonchalance em peles e couro de crocodilo é um dos fashion statements mais fortes da estação. Burguesa, ela se vale de elementos clássicos, deixando entrever uma unha pintada de vermelho aqui, um casaco anos 50 ali, um escarpim. Na camisaria, as estampas anos 60 vistas na coleção masculina.
Na Gucci, o approach é outro. Afinal, Tom Ford vem do Texas e vai direto ao assunto. A história aqui é emocionar e provocar desejo (o da compra, do poder, e o da sedução) e, para isso, a grife não economiza.
Foi um desfile forte, de vocação futurista, algo como Mad Max encontra Marilyn Monroe, com gigantescas golas de pele servindo de esplendor para Carmen Kaas, exclusiva até aqui em Milão.
Calças justíssimas como leggings servem de base para a silhueta que prossegue volumosa na parte de cima, citando Mugler e Montana, enquanto os vestidos que envolvem o corpo remetem à sexualidade de Azzedine Alaia na mesma década de 80.
Para não deixar dúvidas de sua maestria, Ford mostra alguns dos mais bonitos vestidos dos últimos tempos: poderosos, desenhando quadris e seios na riqueza de seu jérsei de seda champanhe, nas alças criativas e atléticas, no domínio das formas femininas.
Na D&G, camisetas em alusão ao logo da paz deram certo, enquanto outra segunda linha, a Just Cavalli, trouxe um desconcertante repertório de militarismo e guerra. Not war, more wear, pede Roberto Cavalli. Na linha principal, os 80 servem de referência para a Dolce & Gabbana. Na passarela, telões digitais e estampas optical fragmentadas sugerem tecnologia e contemporaneidade.
Nem precisava ter gastado tanto com Linda Evangelista, que abriu o desfile com uma megaparca laranja esportiva, seguida de Naomi, Stella, Karolina, Natalia e Amber (também dispensável). A parada de supermodelos jogou para trás a coleção, lembrando demais o passado, num momento em que a grife colhe louros e euros por sua incrível trajetória de sucesso.


Texto Anterior: Erudito/DVD: A histérica, o cego e o irmão mais novo por Debussy
Próximo Texto: Itália passa por momento de renovação
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.