São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005 |
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ERIKA PALOMINO PARIS FAZ POVO SONHAR COM A MODA
Antes que o leitor comece a
chochar a roupa aqui da foto, aproveito para responder a pergunta que mais fazem os não-fashionistas. Não,
os estilistas não esperam que a
gente saia assim na rua, mas
exageram numa imagem para
reforçar uma idéia, um tema.
Foi o que fez a dupla Viktor &
Rolk, responsável por alguns
dos momentos fashion mais incríveis dos últimos cinco anos.
As modelos entravam com travesseiros gigantes, como se estivessem deitadas, como nas fotos de Inez van Lamsweerde. Folha - Você gostou do Balenciaga? Eu achei lindo. Mas o que tanto tinha dos famosos arquivos? Fiquei achando que eu tinha que voltar e estudar mais. Costanza Pascolato - Eu também achei lindo. Bem, eu conheci esses arquivos ainda nos anos 70, tinha uma mulher, ela é que guardou tudo. O principal trabalho dos arquivos, entretanto, é aquele das formas e já foi feito na outra temporada. Mas eu tiro o chapéu para ele [Nicolas Ghesquière], sempre. Folha - Do que mais você está gostando nesta estação? Pascolato - Vou falar a verdade, não vou fazer média. Gosto dessa coisa couture, que fica vago para a geração de hoje, mas se trata de um cuidado e de uma dificuldade maior em relação ao molde da roupa. O prêt-à-porter começou a fazer um tipo de roupa que se afastou do aspecto mais elaborado da alta-costura, já que não era possível provar as roupas nas pessoas. Folha - O famoso advento da modelagem em tamanho P-M-G. Pascolato - Mais do que isso: mesmo dentro de um mesmo tamanho, tem uma que tem peito maior, a outra, a cintura menor... Agora, eles [o prêt-à-porter] são copiados imediatamente. Tem mais mantô da Miu Miu na Zara do que na Miu Miu. O Galliano na Dior retomou a simplicidade do que era aquela alta-costura. O que eu fiquei decepcionada foi porque, em vez de fazer o vestido anos 60 da alta-costura, ele fez em tricô -que cabe em todo mundo... [Uma mulher entra na fila em frente e, para variar, esbarra em Costanza Pascolato]. Pascolato - Olha a bolsa da Balenciaga que eu comprei faz uns três anos. Folha - É, eu comprei também, mas a pequena. Pascolato - Milão estava patético, tentando fazer um prêt-à-porter de luxo. Isso não interessa nada ao Brasil. Zero. No Brasil só querem o corpo, coisas para valorizar a feminilidade. Folha - E os desfiles estão revelando cada vez mais o corpo, não? Pascolato - Foi a sorte do Brasil. O mundo hoje quer o Brasil, é uma necessidade. Tem a ver com comportamento. Isso para a moda é tão novo, e o Brasil tem isso faz tempo. Texto Anterior: Hipersônicas Próximo Texto: Cinema - "Espanglês": Cineasta mira no "povo invisível" latino Índice |
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