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Cineasta temia processo
Fernando Meirelles não filmará vida de Ronaldo
ÉRICA FRAGA
DE LONDRES
O cineasta Fernando Meirelles,
diretor de "Cidade de Deus", recusou convite para produzir um
filme sobre Ronaldo, atacante do
Real Madrid e da seleção brasileira. O projeto teria como clímax a
final da Copa de 98, e o técnico
Zagallo e o ex-médico da seleção
Lídio Toledo, como vilões.
O convite, feito em outubro por
um empresário ligado a Ronaldo,
foi descartado em janeiro após
Meirelles ouvir advogados. O parecer deles -um alto risco de que
Zagallo e Toledo fossem à Justiça
contra o filme-, somado a discordâncias com os empresários
do atleta o fizeram desistir.
"O problema é que a história
que a gente ia contar envolve muita gente de verdade. E o Zagallo e
o Lídio Toledo seriam os vilões",
disse o diretor.
O filme seria produzido por
Meirelles e dirigido por Nando
Olival. O cineasta afirma que o
empresário Fabiano Farah -que
cuida da R9, marca do jogador-
foi quem procurou os dois diretores. O plano original era mesclar
documentário e drama, segundo
Meirelles, inspirados na vida de
Ronaldo, desde a infância.
"Usaríamos atores, como um
filme de ficção, mas também material de verdade. Cortaria (em algumas cenas), por exemplo, do
ator para o Ronaldo em cenas de
arquivo", disse Meirelles.
A suposta vilania de Zagallo e
Toledo entraria no episódio da final da Copa. "Eles erraram mesmo e jogaram a culpa no Ronaldo,
desestabilizaram a equipe", afirmou o diretor.
Segundo ele, Ronaldo não teve
uma convulsão, mas um ataque
de "terror noturno", e a forma como Toledo e Zagallo conduziram
o caso -levando o jogador para
fazer uma tomografia antes da
partida e mudando a escalação do
time- afetou a todos os atletas.
Meirelles afirmou que sua intenção era contar a "fantástica
história da vida de Ronaldo", incluindo momentos ruins do atleta, e que percebeu em conversas
com Farah que haveria resistência
a exibir esses aspectos negativos.
O assessor de imprensa de Ronaldo na Espanha, o jornalista
David Espinar, confirmou que
Fabiano Farah, diretor-comercial
da R9, fez contato com Meirelles
para a produção do filme, mas
disse não saber a razão da recusa.
A Folha ligou para o escritório
da R9 no Rio a procura de Farah,
mas seus assessores informaram
que ele só estaria na empresa hoje
e não informaram outro número
de telefone fixo ou celular para
que ele fosse contatado.
Procurado, Zagallo afirmou que
não iria comentar o caso. "Não tenho o que falar, não quero entrar
em polêmica", disse. Toledo também não quis comentar o assunto
e se limitou a dizer que não houve
nenhum problema: "Não houve
nada, isso é conversa [se referindo
a ser vilão do episódio da final da
Copa de 1998]".
Colaborou MARIO HUGO MONKEN, da
Sucursal do Rio
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