São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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Cineasta temia processo

Fernando Meirelles não filmará vida de Ronaldo

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

O cineasta Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus", recusou convite para produzir um filme sobre Ronaldo, atacante do Real Madrid e da seleção brasileira. O projeto teria como clímax a final da Copa de 98, e o técnico Zagallo e o ex-médico da seleção Lídio Toledo, como vilões.
O convite, feito em outubro por um empresário ligado a Ronaldo, foi descartado em janeiro após Meirelles ouvir advogados. O parecer deles -um alto risco de que Zagallo e Toledo fossem à Justiça contra o filme-, somado a discordâncias com os empresários do atleta o fizeram desistir.
"O problema é que a história que a gente ia contar envolve muita gente de verdade. E o Zagallo e o Lídio Toledo seriam os vilões", disse o diretor.
O filme seria produzido por Meirelles e dirigido por Nando Olival. O cineasta afirma que o empresário Fabiano Farah -que cuida da R9, marca do jogador- foi quem procurou os dois diretores. O plano original era mesclar documentário e drama, segundo Meirelles, inspirados na vida de Ronaldo, desde a infância.
"Usaríamos atores, como um filme de ficção, mas também material de verdade. Cortaria (em algumas cenas), por exemplo, do ator para o Ronaldo em cenas de arquivo", disse Meirelles.
A suposta vilania de Zagallo e Toledo entraria no episódio da final da Copa. "Eles erraram mesmo e jogaram a culpa no Ronaldo, desestabilizaram a equipe", afirmou o diretor.
Segundo ele, Ronaldo não teve uma convulsão, mas um ataque de "terror noturno", e a forma como Toledo e Zagallo conduziram o caso -levando o jogador para fazer uma tomografia antes da partida e mudando a escalação do time- afetou a todos os atletas.
Meirelles afirmou que sua intenção era contar a "fantástica história da vida de Ronaldo", incluindo momentos ruins do atleta, e que percebeu em conversas com Farah que haveria resistência a exibir esses aspectos negativos.
O assessor de imprensa de Ronaldo na Espanha, o jornalista David Espinar, confirmou que Fabiano Farah, diretor-comercial da R9, fez contato com Meirelles para a produção do filme, mas disse não saber a razão da recusa.
A Folha ligou para o escritório da R9 no Rio a procura de Farah, mas seus assessores informaram que ele só estaria na empresa hoje e não informaram outro número de telefone fixo ou celular para que ele fosse contatado.
Procurado, Zagallo afirmou que não iria comentar o caso. "Não tenho o que falar, não quero entrar em polêmica", disse. Toledo também não quis comentar o assunto e se limitou a dizer que não houve nenhum problema: "Não houve nada, isso é conversa [se referindo a ser vilão do episódio da final da Copa de 1998]".


Colaborou MARIO HUGO MONKEN, da Sucursal do Rio

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