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DOCUMENTÁRIO
Lestrade faz o verdadeiro filme de tribunal
LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Em 7 de maio de 2000, Mary
Ann Stephens foi morta com um
tiro na cabeça, à queima-roupa,
por um jovem negro, no hotel onde estava hospedada em Jacksonville (Flórida). Horas depois, a polícia americana prendeu Brenton
Butler, jovem negro, que foi identificado pelo marido da vítima e
assinou a confissão do crime.
Essa foi a descrição do caso
apresentada pela promotora no
início do julgamento de Butler,
em que a acusação pedia prisão
perpétua. Nada mais justo, não?
Não. O que parecia um caso corriqueiro do sistema judicial tornou-se exemplo dos equívocos e
abusos da estrutura policial americana, graças ao advogado de defesa Patrick McGuinness. E tornou-se também um virtuoso documentário, vencedor do Oscar
em 2002, graças ao jornalista
Jean-Xavier de Lestrade.
Aos fatos: o documentário
"Murder on a Sunday Morning"
acompanha o julgamento de Butler e a reconstituição, por
McGuinness, do crime e da conseqüente investigação policial.
Astro do filme, McGuinness
desmonta a tese da promotoria,
mostrando que a descrição que o
marido da vítima fez do assassino
(negro, entre 20 e 25 anos, alto e
magricela) não bate com o perfil
do réu (negro, 15 anos, baixinho e
parrudo). E traz evidências de que
a polícia de Jacksonville prendeu
o primeiro negro que encontrou
pela frente e o forçou a confessar.
Butler virou, como o título francês
do filme, "o culpado ideal".
Autor da elogiada série "Morte
na Escadaria", o francês Lestrade
é um especialista em documentários sobre tribunais e conduz este
filme em ritmo de suspense. E
seus personagens ajudam: além
de McGuinness, desenvolto como
Charles Laughton em "Testemunha de Acusação", o réu, sua família e os policiais do caso são tão
interessantes que parecem saídos
de uma obra de ficção. O problema é que é tudo verdade.
"Murder on a Sunday Morning"
Quando: na madrugada de hoje para
amanhã, à 0h30, no GNT
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