DA REPORTAGEM LOCAL

"Quando apareceram (...), as intervenções de Vincenzo causaram ruído em meio ao noticiário cinzento do dia-a-dia. Elas nos davam notícias diferentes da cidade. Notícias necessárias. Falavam de casos e coisas que escapam aos olhos e ouvidos que se atropelam nas urgências da metrópole. Criaram um oásis."
Assim o escritor Marçal Aquino define o trabalho do designer gráfico Vincenzo Scarpellini no prefácio de "São Paulo", edição que a Ateliê está lançando reunindo os desenhos publicados pelo artista desde outubro de 2000 na Folha. Suas ilustrações (editadas com a coluna "Urbanidade", de Gilberto Dimenstein, no caderno Cotidiano), sempre são acompanhadas de pequenos textos do próprio Scarpellini e estão distribuídas no livro, em dois volumes, a partir de recortes distintos -trânsitos (fluxo de carros e de pessoas) e vidas (personagens).
Radicado na cidade desde 1996, o designer de 40 anos nasceu em Ascoli Piceno, uma cidade medieval italiana de 60 mil habitantes, e também morou em Roma. Veio para o Brasil em 1996. Ele também é o autor do projeto gráfico da Folha atualmente em vigor, implantado em maio de 2000.
O livro "não é de vips nem apenas de desconhecidos", diz o artista. Para ele, "São Paulo é uma cidade que não quer se ver, que procura fugir de si mesma. São Paulo é isso".