São Paulo, Quinta-feira, 04 de Março de 1999
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TEATRO
Superprodução, orçada em R$ 380 mil e que estréia hoje, conta a história das irmãs Linda e Dircinha Batista
"Somos Irmãs" homenageia divas do rádio

Paulo Giandália/Folha Imagem
A atriz Beth Goulart vive Linda Batista em 'Somos Irmãs'


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
free-lance para a Folha

O sucesso na adolescência, a consagração dos anos 30 aos 50 -quando foram eleitas "divas" do rádio-, a decadência na década de 70 e o abandono que marcam a vida das cantoras e irmãs Linda e Dircinha Batista podem ser vistos agora nos palcos paulistas.
Depois de um ano em cartaz no Rio de Janeiro, estréia hoje no teatro Cultura Artística o espetáculo "Somos Irmãs", musical dirigido por Ney Matogrosso e Cininha de Paula, que leva à cena a trajetória e os contrastes das irmãs Batista.
"A história de Linda e Dircinha choca as pessoas. Elas viveram de forma muito intensa a glória e a derrota", afirma Cinthya Graber, produtora e idealizadora da peça.
No auge de suas carreiras, eleitas as rainhas do rádio, consideradas sucessoras de Carmen Miranda nos cassinos, Linda e Dircinha desfrutavam de um amplo prestígio. Tinham influência política, amigos e muito dinheiro, capaz de custear festas de 15 dias, jóias e carros. Nessa época, o presidente Getúlio Vargas classificou as irmãs como "patrimônio nacional".
Apesar de carreiras e personalidades distintas, Linda -mais liberal- e Dircinha -recatada e presa à mãe- perderam popularidade juntas a partir dos anos 60, com o surgimento da televisão, o advento da bossa nova, o fim da era Vargas e dos cassinos.
A constante queda, permeada pela perda da mãe e do pai, culminou com a morte de Linda em 88, na miséria, e a internação de Dircinha, hoje em clínica geriátrica.
Com tratamento cinematográfico (gestos calculados, plástica de cena etc.) e superproduzida (R$ 380 mil), "Somos Irmãs" inicia sua trama no dia da morte de Linda, na miséria, em um apartamento carioca, quando, à espera de uma equipe de TV, recorda com a irmã as glórias do passado.
Com reconstituição de época e objetos pessoais das cantores, no período de decadência dominam a cena as atrizes Suley Franco (Linda) e Nicette Bruno (Dircinha), que em recordações, do auge, cedem espaço à Beth Goulart (Linda) e Claudia Netto (Dircinha). Detalhe: todas elas cantam na peça.
A peça traz, ao vivo, 28 músicas, entre elas composições de Lupicínio Rodrigues ("Volta") e Ary Barroso ("Risque" e "Inquietação").
"É um espetáculo de mulher. Há muita emoção envolvida, para quem se lembra das irmãs, para quem tem um primeiro contato e, em especial, para a classe teatral, que se vê sujeita à mesma situação de abandono", diz Claudia Netto.

Peça: Somos Irmãs
Onde: Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 258-3616)
Quando: estréia hoje, às 21h; qui a sáb, às 21h; dom, às 18h
Quanto: R$ 25 (qui, sex e dom) e R$ 30 (sáb)
Patrocinador: BrasilSeguridade


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