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São Paulo, sexta-feira, 04 de abril de 2003

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CRÍTICA

"Metrópolis" chega aos 15 anos com história

XICO SÁ
CRÍTICO DA FOLHA

Na semana do début dos 15 anos, mudou de mala e cuia para a Bahia. O programa "Metrópolis" foi apresentado, desde segunda, direto dos estúdios da TVE de Salvador. Por causa da data querida. Mas o programa não perdeu o seu habitual floreio paulistano, sinfônica e rap, agenda cheia, fisiologia geral do gosto.
O aniversário teve Margareth Menezes a entoar "Faraó", samba-reggae de pé no chão e cabeça condoreira. E Cunha Jr., o âncora, carecia viver um pouco de brisa, fugir dessa São Paulo assim tão Fritz Lang. A semana foi também muito nostálgica. Apresentadores das antigas deram as caras. Maria Amélia, Lorena, Lúcia Soares, coisa linda.
Cadão Volpato, também da mesma turma, poderia ter cantado assim: "Eu só vejo o Oeste selvagem na TV", como no Fellini, seu grupo. O programa tem história. E resiste.
Nos primeiros tempos, ainda tinha uma coisa assim meio metida, certa arrogância paulistana aliada ao bafo pernóstico dos anos 80. Mas nunca caiu na cilada do dito "bom gosto", essa farsa bem classe média que vai da escolha do vinho ao combate ao funk da ralé. "Metrópolis" sempre se derramou por João Gilberto, mas pôs Sabotage no ar.
Graças a coberturas nervosas do repórter e fotógrafo Rodney Suguita, com narrativas nada convencionais, o "Metrópolis" passou a mostrar a nova música brasileira em ação na noite de SP. Sempre com grupos ou DJs que ainda vivem à margem da indústria do espetáculo.
O programa tem conseguido manter-se aceso, mesmo que as entradas ao vivo com estréias de peças de teatro e shows, marca bem interessante do "Metrópolis", tenham diminuído.
Bem no acompanhamento de atividades do mundo das artes plásticas -o próprio cenário sempre funcionou como uma exposição informal-, uma área que o programa ainda comparece pouco é a da literatura. Claro que, pela própria dificuldade de boas imagens nesse ramo, a coisa fica mais difícil. Enquanto isso, o cinema anda muito bem por lá. Na semana de aniversário, o "Carandiru" de Hector Babenco foi a prova dos noves. Longa vida ao "Metrópolis"!


Metrópolis   
Quando: de seg. a sex., às 22h, na TV Cultura



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