São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2007

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Adotado, diretor Stephen J. Anderson se identifica com drama de protagonista

CRÍTICO DA FOLHA

"A Família do Futuro" marca a estréia de Stephen J. Anderson, 36, como diretor de um filme de animação. Funcionário da Disney desde 1999, ele foi desenhista de "story board" em "Tarzan" e supervisor artístico em "A Nova Onda do Imperador" (2000) e "Irmão Urso" (2003). Veja trechos da entrevista do diretor à Folha. (PB)

 

FOLHA - "A Família do Futuro" tem elementos novos para um filme da Disney. Como eles foram trabalhados para ficar no padrão do estúdio?
STEPHEN J. ANDERSON -
As viagens no tempo foram difíceis. Podíamos fundir a cuca das crianças, então tivemos cuidado para que elas estivessem bem amarradas na história e não precisassem de explicações científicas. Os personagens, mesmo sendo muitos, são divertidos e guardam fortes características próprias. São o melhor do livro de William Joyce e não poderiam ficar fora do filme. Quanto ao vilão, Cara do Chapéu-Coco, ele é uma espécie de síntese de outros vilões, com o diferencial de ter um passado que explica sua condição. Em razão disso, será o primeiro vilão em muitos anos a circular "pessoalmente" como uma atração dos parques.

FOLHA - Como sua experiência pessoal, como uma criança adotada, influenciou na realização do filme?
ANDERSON -
Quando o roteiro chegou às minhas mãos, em 2002, a identificação foi imediata. Lewis, enquanto espera ser adotado, quer saber quem é sua mãe e entender por que ela desistiu dele. Quando meus pais me contaram que eu havia sido adotado, as mesmas questões de Lewis passaram pela minha cabeça. Eles me disseram que eu poderia procurar minha mãe biológica ao completar 18 anos, e esse era meu objetivo. Mas, cinco anos atrás, quando já tinha mais de 30, percebi que tinha me esquecido disso. Não era mais importante. Estava vivendo minha vida, construindo o futuro que gostaria de ter. Mas minha identificação com Lewis vai além. O que ele tem de amor pela ciência e pela invenção eu tenho pelos cartuns, desde pequeno.

FOLHA - Como o sr. sentiu a interferência de John Lasseter no projeto?
ANDERSON -
Foi importante, porque Lasseter e sua equipe trouxeram um olhar fresco e novas idéias. O trabalho em um filme de animação dura anos e, para nós, que estamos envolvidos, a capacidade de enxergar certas limitações desaparece.

FOLHA - Por que não há celebridades fazendo as vozes?
ANDERSON -
Não queria associar vozes e rostos já conhecidos aos personagens do filme. Fui atrás de atores especiais, capazes de exagerar com talento. Procurei principalmente comediantes, alguns veteranos do rádio, como Harland Williams, que faz o robô Carl.

FOLHA - Você mesmo faz a voz de três personagens...
ANDERSON -
No começo do processo de todos os filmes de animação, fazemos uma "voz guia" provisória para orientar os animadores. Nessa etapa, fiz a do Cara do Chapéu-Coco, a do vovô Bud e da prima Tallulah, e minha voz acabou ficando na versão final. Foi natural, parte do meu envolvimento no desenvolvimento dos personagens. Só foi mantido porque os produtores aprovaram. Não foi capricho meu, garanto.


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