São Paulo, quinta-feira, 04 de maio de 2000


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MOSTRA
Associação Brasil 500 Anos promete resolver os problemas de comunicação visual até amanhã
Sinalização confunde Redescobrimento

FABIO CYPRIANO
da Reportagem Local

Obras de arte sem identificação. Legendas pequenas e em locais de difícil legibilidade. Indicações incorretas de trabalhos expostos. Dez dias de funcionamento da Mostra do Redescobrimento foram suficientes para que a organização do evento decidisse refazer a comunicação visual da mostra. O responsável pela identidade visual, Chico Homem de Mello, planejou que a maioria das identificações das obras seriam coladas no chão.
Mas, o tamanho da letras dificulta -e, em alguns casos até impossibilita- a legibilidade dos textos. "A exposição está um inferno, precisei me ajoelhar para identificar os autores das obras", contou à Folha Maria Cecília Pedrosa de Paula Machado, de 79 anos, que cedeu várias obras do inglês Charles Landseer para o módulo Olhar Distante.
"Até sexta-feira, todos os problema de comunicação da mostra estarão resolvidos", declarou a direção da Associação Brasil 500 Anos, através da assessoria de imprensa do evento. Eles prometem que todas as identificações ficarão mais altas, sem dificultar tanto o olhar dos visitantes.
É normal que uma exposição com 15 mil obras enfrentasse problemas, mas muito terá de ser feito até amanhã para acabar com os defeitos de comunicação visual da mostra. A Folha constatou que dezenas de obras continuam ainda sem identificação, especialmente nos módulos Negro de Corpo e Alma e Arte Popular.
Entre os artistas não-identificados adequadamente estão o fotógrafo Mário Cravo Neto e o artista plástico Emmanuel Nassar, este no módulo da Carta de Caminha.
No módulo Negro de Corpo e Alma, além das identificações, faltam também 20 textos explicativos. "É claro que as obras falam por elas mesmas, mas estou indo conversar agora com o Chico Homem de Mello para solucionar este problema", disse Emanoel Araújo, curador do módulo.
Araújo confirmou a dificuldade de compreensão da exposição sem os textos: "Há partes onde mostramos obras com perversidades cometidas contra os negros, e sem uma explicação as obras não têm sentido". É o caso de uma panela onde a tampa é o rosto de uma negra. Quem passa despercebido pode não entender a intenção crítica da curadoria.
Algumas resoluções foram improvisadas no módulo Arte Barroca: legendas que estavam no chão e em lugares sem iluminação foram colocadas dentro de vitrines ao lado das obras, o que certamente não faz parte do conceito proposto por Bia Lessa, a curadora do módulo.
Mesmo assim, várias placas continuavam em lugares de difícil leitura. Além disso, um gráfico que representava imagens de santos contava com legendas no chão que não coincidiam com o gráfico.
Se na Oca não há falta de legendas, os problemas são outros. Várias obras ainda não chegaram, como a réplica do crânio do Homo sapiens que pertence a um museu de Israel, e era identificado como "em trânsito".


Evento: Mostra do Redescobrimento
Onde: Pavilhão da Bienal, Pavilhão Manoel da Nóbrega e Oca. Entrada pelos portões 3 e 10 do parque Ibirapuera (tel. 0/xx/11/ 573-6073)
Quando: de terça a sexta, das 14h às 22h, e sábados, domingos e feriados, das 9h às 22h. Até 7 de setembro
Quanto: de terça a sexta, R$ 7 por pavilhão (R$ 10 para os três pavilhões); sábados, domingos e feriados, R$ 10 e R$ 15 (os três pavilhões). Os ingressos podem ser comprados no local ou pelo tel. 0800-780500


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