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TEATRO
Diretor de televisão e cinema estréia comédia popular hoje no Hilton
"Lisbela" é primeiro solo de Arraes
DA REPORTAGEM LOCAL
"Lisbela & o Prisioneiro" é peça
de Osman Lins que virou trama
de TV que virou espetáculo, esses
sob assinatura de Guel Arraes.
Não é à toa que o diretor de programas cômicos para a TV usa
com frequência o verbo "fabricar" como metáfora de "criar".
Ele opera em várias frentes, como
fez o autor em questão.
O pernambucano Osman Lins
(1924-78) cursou dramaturgia,
flertou com a televisão, mas despendeu mais talento para romances como "Avalovara" (1973).
Conterrâneo, Arraes, 47, também vive em concubinato com
áreas distintas, como televisão, cinema e teatro. Travou contato
com os palcos pela primeira vez
em 1997, co-dirigindo a comédia
de costumes "O Burguês Ridículo", de Molière, com o também
pernambucano João Falcão ("A
Máquina", "Cambaio").
Ao defender sua primeira encenação solo, Arraes parece ter encontrado o lugar do teatro na carreira, ele que há pouco levou 2,1
milhões de brasileiros ao cinema,
para ver "Auto da Compadecida",
de Ariano Suassuna, e tem a televisão na veia há duas décadas.
"No teatro, como tudo na vida,
quando você encontra uma solução sobre a cena de uma batalha,
por exemplo. Esta será melhor
que uma batalha original ou criada pelo cinema", diz o diretor.
"Lisbela & o Prisioneiro" não
tem batalha, mas Arraes cita como exemplo a passagem em que a
protagonista, vestida de noiva, visita seu amado no xadrez.
O diretor encasquetou com a
cena, não poderia recorrer ao clichê hollywoodiano das grades em
espetáculo não-realista. Solução:
induziu um a pensar no outro, até
evoluírem para a contracena. "No
teatro, você não precisa explicitar", diz.
Mas a TV o impregna. O embrião da montagem está num dos
programas que a "TV Pirata" levou ao ar em 1993, adaptação do
texto de Lins por Arraes, Pedro
Cardoso e Jorge Furtado, trinca
que também se repete agora.
"A gente meteu bastante a mão
(no texto), meio que sem a vergonha de criar uma ou duas viradas
dramatúrgicas e dinamizar o original", afirma Arraes.
Tempo e espaço foram mantidos. A história se passa em Vitória
de Santo Antão, cidade natal do
autor. Mocinha recatada, Lisbela
(Virgínia Cavendish, mulher de
Arraes) é apaixonada por filmes
românticos em preto-e-branco.
Ela começa a peça noiva de
Douglas (Lúcio Mauro Filho),
mas depois se apaixona pelo sedutor Leléu (Bruno Garcia),
quando finalmente compreende
que a vida real pode ser mais romântica do que o cinema.
Um delegado, um cabo, um matador e sua mulher engrossam a
comédia popular nordestina à
"Auto da Compadecida".
O espetáculo estreou no Rio em
julho passado. Fez temporadas
pelo Nordeste e entra em cartaz
hoje em São Paulo, no teatro Hilton. Haverá duas sessões aos sábados, uma delas a R$ 3, por conta de patrocínio do grupo Pão de
Açúcar (cerca de R$ 250 mil).
(VALMIR SANTOS)
LISBELA & O PRISIONEIRO - De: Osman
Lins. Adaptação: Guel Arraes, Pedro
Cardoso e Jorge Furtado. Direção: Guel
Arraes. Com: Emiliano Queiróz, Marcos
Oliveira, Lívia Falcão, Tadeu Mello e
outros. Teatro Hilton (av. Ipiranga, 165,
região central, tel. 0/xx/11/3156-4334).
Quando: estréia hoje, às 21h30; sáb., às
19h30 e 21h30. R$ 25 e R$ 3 (sessões
populares aos sáb., às 19h30). Até 1º/7.
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