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TEATRO
Satyros ligam libertinagem à crise política
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No seu espetáculo de origem,
"Sade ou Noites com as Professoras Imorais" (1989), a cia. Os Satyros já disse a que veio. Numa das
cenas de impacto, uma atriz urinava sobre um ator deitado. A
montagem deu o que falar, para o
bem e para o mal, no pequeno e
extinto teatro Bela Vista, em SP.
A peça foi remontada como "A
Filosofia na Alcova ou Noites com
os Professores Imorais" (1993).
Uma década depois, ressurgiu como "A Filosofia na Alcova", confirmando que aquele foi dos projetos mais marcantes em 16 anos
de estrada do grupo, que hoje mora na praça Roosevelt.
Pois Donatien Alphonse François, o marquês de Sade (1740-1814), volta a guiar Os Satyros por
uma de suas obras mais difíceis, o
romance "Os 120 Dias de Sodoma
ou a Escola de Libertinagem".
Quem dirige o clássico é o mesmo Rodolfo García Vásquez de
1989, quando, em parceria com
Ivam Cabral, jogou luz sobre o desejo manifesto em Sade na esteira
da descoberta do vírus da Aids.
Agora, o recorte é pela imoralidade explícita na política, o prato
cheio da crise brasileira. (Em
"Antígona", de 1994, Vásquez
emparelhava o poder de destruição do rei Creonte ao belicismo
de George W. Bush).
A ação se passa algumas décadas antes da Revolução Francesa.
Quatro libertinos da alta sociedade organizam uma maratona de
encontros num castelo, embalados por meninos e meninas virgens (raptados), contadoras de
histórias, empregados, damas de
companhia etc. São 21 atores.
Entre os desafios de encenar
"Os 120 Dias de Sodoma", que o
italiano Pasolini levou ao cinema
em 1975, está a difícil aproximação do Brasil com a França pré-revolucionária.
"Afinal, apesar de ainda vivermos resquícios feudais e de termos uma das mais injustas distribuições de renda do mundo, acreditamos piamente que somos um
país moderno", afirma Vásquez.
Os 120 Dias de Sodoma
Quando: estréia amanhã, às 21h; qui. a
sáb., às 21h; dom., às 20h30
Onde: Espaço dos Satyros Dois (pça.
Franklin Roosevelt, 124, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 35
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