São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2004

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Quero ser grande

Divulgação
Hermione (Emma Watson) e Potter (Daniel Radcliffe) no hipogrifo Bicudo, em cena do terceiro filme


Harry Potter "cresce e aparece" no terceiro e mais maduro filme da série, que estréia hoje em todo o país

CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

O rosto antes arredondado do menino Daniel Radcliffe está mais estreito. Sua voz desceu algumas escalas em direção ao grave. O garoto espichou e nas horas vagas, confidencia, anda tocando músicas punk-rock no baixo elétrico.
A versão em carne e osso de um dos personagens literários mais famosos da história chegou à adolescência e até a tradicional neblina de Londres deu uma trégua para que todos pudessem ver com os céus claros a vassoura de "Harry Potter" baixar pela terceira vez nas telas do cinema.
A aventura "O Prisioneiro de Azkaban" estreou na segunda na capital inglesa batendo os recordes de bilheteria do país: R$ 30 milhões em um dia. Atores crescidinhos, dinheiro crescidinho e um filme mais gente grande.
Agora sob a batuta do mexicano Alfonso Cuarón, do cult "E Sua Mãe Também", a versão do terceiro livro de J.K. Rowling estréia hoje em meio milhar de salas brasileiras definitivamente sob a égide do "cresça e apareça".
E o amadurecimento do bruxo foi o assunto predileto nas entrevistas dadas pelo elenco do filme em Londres, em uma sala ambientada como uma biblioteca medieval e num auditório decorado com bandeiras gigantes de Grifinória e Sonserina, as duas principais turmas de Hogwarts.
"Só saberei o que é crescer quando for adulto", disse Radcliffe. "Minha voz está ficando mais grossa, e eu, mais alto", expressa o ator que faz Rony, o ruivinho Rupert Grint, que passou boa parte da entrevista dizendo expressões como "cool" (legal). Emma Watson (Hermione), que de meninota já guinou para uma quase Britney Spears, completa: "Acho a adolescência maravilhosa".
Mas nem tudo no enorme ambiente de divulgação montado pela Warner Brothers cheirava a conversas "o que está acontecendo com meu corpo?".
Houve ainda os debates "como serão os próximos filmes?" e "esses garotos estão crescendo mais rápido do que o que os personagens literários exigem, eles vão fazer as produções seguintes?".
Sobre o quarto filme, que começou a ser rodado em março (e deve estrear em novembro de 2005), já se sabe que o trio central está confirmado e que o diretor mudou de novo: Chris "Esqueceram de Mim" Columbus fez os primeiros, Cuarón, o terceiro. Agora é a vez do inglês Mike Newell ("Quatro Casamentos e um Funeral").
Sobre o quinto filme ainda não há nada decidido. Columbus, que além de ter feito o primeiro par de Potters trabalhou como produtor no terceiro, disse à Folha que é candidato a voltar a dirigir.
"Só desisti de fazer "O Prisioneiro de Azkaban" porque precisava ver minha família de vez em quando", disse o diretor. Questionado sobre como era acompanhar outro cineasta tomando as rédeas que eram suas o americano deixou escapar tons de inveja.
"Enfrentei toda a pressão de escolher os atores, de montar o visual de Hogwarts, de decidir as locações. Coloquei tudo na mesa, e Cuarón só teve de servir o banquete." Críticos estrangeiros consultados pela Folha após a exibição do filme para a imprensa acharam que o banquete do mexicano (que nos contou ter trazido do México bonequinhos de caveiras para decorar o ônibus Noitibus) foi mais saboroso.
Todos concordam que o terceiro Potter, tanto no livro quanto nas telas, é mais "dark". Gary Oldman, que interpreta o (pretenso) vilão Sirius Black, disse que já conhecia o romance, já que um de seus três filhos é fã incondicional do bruxo, e que seu aspecto "mais obscuro" foi fundamental para que aceitasse o papel.
"Além do mais, achei que seria interessante me associar com um fenômeno como Potter. Acho que depois da "Bíblia" deve ser o livro mais famoso do mundo. Ser parte disso é viver por muitas gerações de crianças", disse à Folha Oldman, que ao vivo não tem nenhum dos traços dos eternos "bad boys" à Drácula que interpreta (é miúdo, tranqüilo e se veste como um "almofadinha" britânico).
A maior preocupação do ator não foi como lidar com uma megaprodução de US$ 130 milhões, nem como seria a relação com o diretor ou com os outros atores. "Fiquei intimidado mesmo quando soube que Radcliffe tinha dito que eu era seu ator predileto. Não quis desapontar o garotinho." Garotinho? Ah, o adolescente que tem seu rosto estampado em boa parte dos ônibus de dois andares vermelhos de Londres e que está com a cara nas telas de cinemas do mundo inteiro.

O jornalista Cassiano Elek Machado viajou a convite da Warner Brothers


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