São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2000


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ARTES PLÁSTICAS
Exposição em Florença reúne 37 obras do pintor e de sua oficina; afrescos de Pádua voltam a ser exibidos
Mostra vê como Giotto humanizou santos

CELSO FIORAVANTE
ENVIADO ESPECIAL A FLORENÇA

Havia mais de 60 anos que não se via nada semelhante: uma exposição retrospectiva do pintor italiano Giotto (1266-1337), considerado o precursor do Renascimento e o primeiro pintor moderno, por ter colocado o homem no centro da cena e como medida para todas as coisas.
A mostra consumiu cerca de US$ 100 milhões e reúne 37 obras confeccionadas pelo mestre ou sua oficina, entre pinturas, afrescos, murais, crucifixos e vitrais, provenientes de Paris, Estraburgo, San Diego, Boston, Florença e pequenas cidades italianas (aquelas que tiveram o privilégio de, nos séculos 13 e 14, conseguir um espaço na concorrida agenda do pintor).
Entre as obras exibidas, estão "Apresentação de Jesus no Templo" (museu Isabel Stewart Gardner, de Boston), "Crucificação" (Museu de Belas Artes de Estrasburgo), "Retábulo dos Estigmas de São Francisco" (museu do Louvre), "Pai Eterno e Anjos" (Museu de San Diego) e um fragmento do "Políptico Stefaneci" (pinacoteca do Vaticano).
Todas essas peças revelam as características do mestre: equilíbrio clássico, simplicidade de volumes e de espaços, unidade e delicadeza das cores.
Curada por Franca Falletti e Angelo Tarturefi, a mostra foi organizada dentro das comemorações pelo jubileu de 2000 e em homenagem ao papa Bonifácio 8º, que, em 1300, criou esse tipo de comemoração dos centenários de nascimento de Jesus Cristo. Na época, chamou Giotto para criar, em Roma, um mural na igreja de são João de Latrão.
A mostra exibe os primeiros trabalhos realizados por Giotto, ainda na oficina de seu mestre, Cimabue, como a "Madonna col Bambino", de Castelfiorentino, que ainda guarda influências bizantinas.
Logo a seguir, um fragmento de outra "Madona com o Menino", de Borgo San Lorenzo, é tida como a primeira obra de autoria total de Giotto.
Mas foi com o crucifixo pintado para a igreja de santa Maria Novella, em Florença, que Giotto superou o mestre Cimabue.
Realizou uma cruz mais realista, em que Cristo se assemelha a um homem de verdade e não mais a um símbolo. Nela, as mãos aparecem caídas (e não mais espalmadas e com o polegar para cima). Também é inédita a forma como Giotto dá um peso humano ao corpo de Cristo, que não está mais suspenso na cruz, mas parece cair dela em virtude das leis da gravidade.
Dos crucifixos realizados pelo pintor, a mostra apresenta aquele da igreja de Ognissanti, em Florença. A mostra fica em cartaz em Florença até 30 de setembro.


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