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ARTES PLÁSTICAS
Exposição em Florença reúne 37 obras do pintor e de sua oficina; afrescos de Pádua voltam a ser exibidos
Mostra vê como Giotto humanizou santos
CELSO FIORAVANTE
ENVIADO ESPECIAL A FLORENÇA
Havia mais de 60 anos que não
se via nada semelhante: uma exposição retrospectiva do pintor
italiano Giotto (1266-1337), considerado o precursor do Renascimento e o primeiro pintor moderno, por ter colocado o homem
no centro da cena e como medida
para todas as coisas.
A mostra consumiu cerca de
US$ 100 milhões e reúne 37 obras
confeccionadas pelo mestre ou
sua oficina, entre pinturas, afrescos, murais, crucifixos e vitrais,
provenientes de Paris, Estraburgo, San Diego, Boston, Florença e
pequenas cidades italianas (aquelas que tiveram o privilégio de,
nos séculos 13 e 14, conseguir um
espaço na concorrida agenda do
pintor).
Entre as obras exibidas, estão
"Apresentação de Jesus no Templo" (museu Isabel Stewart Gardner, de Boston), "Crucificação"
(Museu de Belas Artes de Estrasburgo), "Retábulo dos Estigmas
de São Francisco" (museu do
Louvre), "Pai Eterno e Anjos"
(Museu de San Diego) e um fragmento do "Políptico Stefaneci"
(pinacoteca do Vaticano).
Todas essas peças revelam as características do mestre: equilíbrio
clássico, simplicidade de volumes
e de espaços, unidade e delicadeza
das cores.
Curada por Franca Falletti e Angelo Tarturefi, a mostra foi organizada dentro das comemorações
pelo jubileu de 2000 e em homenagem ao papa Bonifácio 8º, que,
em 1300, criou esse tipo de comemoração dos centenários de nascimento de Jesus Cristo. Na época, chamou Giotto para criar, em
Roma, um mural na igreja de são
João de Latrão.
A mostra exibe os primeiros trabalhos realizados por Giotto, ainda na oficina de seu mestre, Cimabue, como a "Madonna col Bambino", de Castelfiorentino, que
ainda guarda influências bizantinas.
Logo a seguir, um fragmento de
outra "Madona com o Menino",
de Borgo San Lorenzo, é tida como a primeira obra de autoria total de Giotto.
Mas foi com o crucifixo pintado
para a igreja de santa Maria Novella, em Florença, que Giotto superou o mestre Cimabue.
Realizou uma cruz mais realista,
em que Cristo se assemelha a um
homem de verdade e não mais a
um símbolo. Nela, as mãos aparecem caídas (e não mais espalmadas e com o polegar para cima).
Também é inédita a forma como
Giotto dá um peso humano ao
corpo de Cristo, que não está mais
suspenso na cruz, mas parece cair
dela em virtude das leis da gravidade.
Dos crucifixos realizados pelo
pintor, a mostra apresenta aquele
da igreja de Ognissanti, em Florença. A mostra fica em cartaz em
Florença até 30 de setembro.
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