São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2000


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Artista revolucionou seu tempo

DO ENVIADO A FLORENÇA

Giotto é considerado o primeiro artista moderno; isso porque sua arte deu ao homem um status novo. Com ela, o homem passou a ser a medida de todas as coisas, conceito perpetuado com o Renascimento, movimento do qual é considerado o precursor.
Giotto não se conformava com o fato de todos os santos terem aquelas caras imaculadas. Acreditava que, antes de atingir a santidade, todos haviam sido seres humanos e assim deveriam ser representados.
Trata-se de uma revolta pessoal contra o caráter abstrato e hierárquico da representação da santidade, pregado pela arte bizantina (no Oriente, cujos santos eram sempre estáticos) e pela arte gótica (no Ocidente, que os representava em constante êxtase). As virtuosas passagens de suas vidas deveriam então ser carregadas de emoção e intensidade semelhantes àquelas vividas pelos homens.
Para Giotto, o homem era o ser mais importante e poderia ser representado sem obedecer as regras da natureza. Ele poderia ser do tamanho de uma casa ou maior que uma montanha, por exemplo. Seu corpo, porém, poderia se assemelhar a um bloco de pedra, pois não lhe importava a riqueza de detalhes, mas, principalmente, a expressividade dos rostos e das mãos.
"E entre os outros adornos de seus membros, ela tinha as mãos perfeitas, tão bem feitas que pareciam pintadas pelas mãos de Giotto", escreveu Giovanni di Pagolo Morelli, em seu livro "Ricordi", de 1483.
Também é frequente em Giotto a representação dos rostos dos protagonistas muito próximos. Isso ajuda o espectador a localizar o centro do drama.
Giotto foi o primeiro artista a conquistar o auge de sua fama e todo o reconhecimento de sua obra ainda em vida. De dezembro de 1328 a dezembro de 1333, por exemplo, viveu na corte do rei Roberto d'Angio, em Nápoles, que, de tanta afinidade com o pintor, nomeou-o, em 1330, membro de sua própria família.
Sua glória era tamanha que poderia cobrar valores muito acima do mercado da época e ainda assim ser disputado por papas e nobres. Com medo de perdê-lo, já no fim de sua vida, em 1334, a cidade de Florença nomeou-o chefe de obras da catedral de Santa Maria del Fiore, dando-lhe ainda a incumbência de projetar um magnífico campanário, de 84 metros de altura. (CF)

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