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FOTOGRAFIA
Letícia Valverdes contatou 26 famílias na capital inglesa para o projeto "A Day Out Can Make a Difference"
Brasileira registra um dia de asilados em Londres
LEONARDO CRUZ
DE LONDRES
Qual a diferença que um dia faz
na vida de alguém? Sucesso dos
anos 50 na voz de Dinah Washington, a canção de jazz "What a
Difference a Day Makes" respondia que um só dia era capaz de
mudar tudo no mundo.
E qual a diferença de um dia para um asilado político? Atrás da
resposta, a fotógrafa brasileira Letícia Valverdes entrou em contato
com 26 famílias de asilados no
Reino Unido e desenvolveu o projeto "A Day Out Can Make a Difference" (Um Dia de Passeio Pode
Fazer Diferença).
De março a maio deste ano, Letícia levou as famílias para passeios por pontos turísticos londrinos escolhidos pelos próprios asilados. São locais como o Palácio
de Buckingham, a Tate Modern
Gallery, a roda gigante London
Eye e o Hyde Park.
O resultado dessas jornadas pode ser visto na exposição grátis no
Riverside Studios, em Londres,
até domingo.
"Essas pessoas são geralmente
retratadas em situações de miséria e medo. Queria mostrar um
outro lado, com gente se divertindo e tendo um pouco de alegria",
afirma Letícia. A cada ano, mais
de 70 mil pessoas pedem asilo político no Reino Unido, o índice
mais alto da Europa. São refugiados de países em constante tensão
política, principalmente do Leste
Europeu e da África.
No Reino Unido, os asilados são
cadastrados pelo governo britânico e têm de esperar até quatro
anos para saber se poderão residir
definitivamente no país. Nesse
período, moram em acomodações -em geral, albergues- custeadas pelo governo, recebem cupons para comprar comida e não
podem trabalhar.
"Quando chegam aqui, essas famílias não falam o idioma, não
têm dinheiro e têm até dificuldade para sair do abrigo", conta Letícia, citando grupo de asilados
que, apesar de estar há dez meses
em Londres, nunca tinha visto o
Tâmisa, rio que corta a cidade.
Durante o projeto, a fotógrafa
deu para cada grupo uma câmera
descartável para que pudessem
registrar suas próprias imagens.
As fotos feitas foram agrupadas
em álbuns e seriam exibidas na
mostra, ao lado dos registros de
Letícia. "Os asilados ficaram tão
apegados a esses álbuns que não
permitiram que eles ficassem na
exposição", diz a fotógrafa.
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