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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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Com "Procurando Nemo", competição emerge das agitadas águas da animação

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Divulgação
Marlín e Dory, de "Procurando Nemo"


DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
MARCELO BERNARDES
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

As últimas bilheterias não deixam margem a dúvidas: nas águas da indústria da animação, só sobrou espaço para peixes grandes.
Singelo no tamanho, mas brutal nas cifras arrecadadas até agora -US$ 256,5 milhões, só nos EUA-, o peixinho de "Procurando Nemo", novo longa de animação da Disney/Pixar, chega hoje aos cinemas pronto para a concorrência em alto-mar com "Sinbad: a Lenda dos Sete Mares", marujo do estúdio rival DreamWorks, que aporta em praias brasileiras dentro dos próximos sete dias.
"Nemo" é um filme maravilhoso, e agora é a nossa vez: mas não espero chegar nem perto do sucesso que eles tiveram", adiantou à Folha Jeffrey Katzenberg, 52, produtor de "Sinbad" e sócio da DreamWorks com Steven Spielberg e David Geffen.
Do outro lado do ringue, Steve Jobs, dono da Apple e do cinturão de benemérito no atual surto de animação que toma conta de Hollywood. Apostando na computação gráfica, seu estúdio Pixar, que distribui os filmes pela Disney, criou um dos mais invejáveis escores já vistos no cinema americano: seus cinco longas até o momento, incluindo "Toy Story" e "Monstros S/A", movimentaram juntos lucros de US$ 1 bilhão.
Em outras paragens, bem distantes da guerra de dólares travada nas bilheterias mundiais, repousa uma outra discussão: a da escolha dos "pincéis".
"As animações em 3D estão dominando o mercado. Houve uma melhora da performance dos personagens, e hoje os estúdios que tentaram fazer filmes em 2D já estão desistindo", diz Marcos Magalhães, diretor do festival Anima Mundi, que começa no próximo dia 11, no Rio de Janeiro.
Uma das principais dificuldades na execução de "Nemo" e de "Sinbad" foi a criação de muita água. Se a solução tridimensional e os cenários virtuais empregados no filme da Pixar com a ajuda da Apple nos presentearam com um dos oceanos mais belos do cinema animado, o trabalho da DreamWorks, ainda que inicialmente feito à mão, também avançou: empregou, pela primeira vez, um exército de computadores Linux para dar maior realismo aos mares e sereias de "Sinbad".
"Eu poderia até ter feito "Sinbad" em computação gráfica, mas acho que não funcionaria, os personagens humanos ficam com uma aparência péssima", diz o chefão da DreamWorks, que, em 2004, volta ao mar com "Sharkslayer - O Espanta Tubarão", aventura aquática de peixes mafiosos dublada por Will Smith, Robert de Niro e Martin Scorsese.
Aproveitando a corrente, os estúdios americanos despejam, nos próximos dois anos, 25 longas animados no cinema. "O sucesso recente da animação acaba servindo de parâmetro para todos nós", disse à Folha Jerry Schmitz, diretor de marketing da Sony Pictures Animation. "No fundo, prevalecerá nessa disputa quem tiver a melhor história e a maneira mais criativa de contá-la."


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