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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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NAVEGAR É PRECISO

Se "Procurando Nemo" mantiver performance que tem nos EUA, vencerá "O Rei Leão", líder há sete anos

Sucesso da Pixar pode ofuscar recorde da Disney

FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Steve Jobs tem motivos de sobra para comemorar com seu estúdio, Pixar.
Se "Procurando Nemo", novo longa de seu estúdio, que estréia hoje no Brasil, prolongar a atual performance registrada nos Estados Unidos, onde arrecadou cerca de US$ 256,5 milhões até a segunda-feira, a Pixar em breve estará jogando água em "O Rei Leão", desenho da Disney que detém há sete anos o recorde de maior bilheteria de todos os tempos para um longa animado. Dentre as animações por computador, a supremacia é de "Shrek", da DreamWorks, mas "Nemo" está a apenas US$ 9 milhões de bater também esse recorde.
Com o sucesso dessa parceria de cinco filmes produzidos até o momento, entre 1998 e 2001, Pixar e Disney tiveram um lucro de US$ 1 bilhão. Descontada a fatia da Pixar, o que restou à Disney impressiona: trata-se de 45% do faturamento que a empresa teve durante o período.
Mas esse casamento lucrativo e artisticamente compatível pode estar ameaçado. Correm rumores em Hollywood de que Jobs estaria descontente com o atual contrato que mantém com a Disney, que expira no ano que vem, e está disposto a uma disputa ruidosa.
O dono da Pixar e presidente da Apple estaria pronto a pedir à Disney um novo acordo nos mesmos moldes do que George Lucas tem com a Fox. Para distribuir os episódios de "Guerra nas Estrelas" nos cinemas, Lucas paga certa porcentagem à Fox, mas continua possuindo os direitos do filme, inclusive todos os contratos de merchandising. Com esse esquema, a Disney teria um lucro que variaria entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões por título, montante aquém dos resultados obtidos sob o atual contrato com Jobs.
Procuradas pela Folha, as assessorias da Disney e da Pixar, ambas com sede na Califórnia, não quiseram se manifestar. "Infelizmente, ninguém está disponível para comentar a respeito desse assunto", disse Steven Argula, porta-voz da Pixar.
Em recente entrevista ao novo programa de televisão da editora inglesa Tina Brown, Michael Eisner, CEO da Disney, deixou transparecer sua preocupação. "Se você estiver assistindo, Steve, vamos fazer negócio!", disse. "Nós somos um bom time. Somos melhores juntos do que separados. Eu sei disso. Espero que saiba também", concluiu.
Lutando contra uma queda nos lucros e depois de um corte de pessoal que atingiu mundialmente todos os braços do grupo, a Disney parece também ter perdido o foco em torno da animação.
À exceção de "Lilo & Stitch", todos os desenhos recentes da companhia deram prejuízo. O maior fiasco foi "Planeta do Tesouro", que custou US$ 140 milhões para ser feito e rendeu apenas US$ 38 milhões quando lançado no início deste ano.
Em entrevista à revista "Newsweek", para aplacar rumores, Eisner disse que a companhia vai bem e que tem projetos apetitosos. Um deles seria o de refazer suas histórias clássicas (originalmente criadas em 2D), valendo-se de técnicas mais contemporâneas, como a animação computadorizada. (MB)


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