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NAVEGAR É PRECISO
Se "Procurando Nemo" mantiver performance que tem nos EUA, vencerá "O Rei Leão", líder há sete anos
Sucesso da Pixar pode ofuscar recorde da Disney
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
Steve Jobs tem motivos de sobra para comemorar com seu estúdio, Pixar.
Se "Procurando Nemo", novo
longa de seu estúdio, que estréia
hoje no Brasil, prolongar a atual
performance registrada nos Estados Unidos, onde arrecadou cerca
de US$ 256,5 milhões até a segunda-feira, a Pixar em breve estará
jogando água em "O Rei Leão",
desenho da Disney que detém há
sete anos o recorde de maior bilheteria de todos os tempos para
um longa animado. Dentre as animações por computador, a supremacia é de "Shrek", da DreamWorks, mas "Nemo" está a apenas US$ 9 milhões de bater também esse recorde.
Com o sucesso dessa parceria de
cinco filmes produzidos até o momento, entre 1998 e 2001, Pixar e
Disney tiveram um lucro de US$ 1
bilhão. Descontada a fatia da Pixar, o que restou à Disney impressiona: trata-se de 45% do faturamento que a empresa teve durante o período.
Mas esse casamento lucrativo e
artisticamente compatível pode
estar ameaçado. Correm rumores
em Hollywood de que Jobs estaria
descontente com o atual contrato
que mantém com a Disney, que
expira no ano que vem, e está disposto a uma disputa ruidosa.
O dono da Pixar e presidente da
Apple estaria pronto a pedir à
Disney um novo acordo nos mesmos moldes do que George Lucas
tem com a Fox. Para distribuir os
episódios de "Guerra nas Estrelas" nos cinemas, Lucas paga certa
porcentagem à Fox, mas continua
possuindo os direitos do filme, inclusive todos os contratos de merchandising. Com esse esquema, a
Disney teria um lucro que variaria
entre US$ 50 milhões e US$ 100
milhões por título, montante
aquém dos resultados obtidos sob
o atual contrato com Jobs.
Procuradas pela Folha, as assessorias da Disney e da Pixar, ambas
com sede na Califórnia, não quiseram se manifestar. "Infelizmente, ninguém está disponível para comentar a respeito desse assunto", disse Steven Argula, porta-voz da Pixar.
Em recente entrevista ao novo programa de televisão da editora
inglesa Tina Brown, Michael Eisner, CEO da Disney, deixou transparecer sua preocupação. "Se você estiver assistindo, Steve, vamos
fazer negócio!", disse. "Nós somos um bom time. Somos melhores juntos do que separados. Eu
sei disso. Espero que saiba também", concluiu.
Lutando contra uma queda nos
lucros e depois de um corte de
pessoal que atingiu mundialmente todos os braços do grupo, a Disney parece também ter perdido o
foco em torno da animação.
À exceção de "Lilo & Stitch", todos os desenhos recentes da companhia deram prejuízo. O maior
fiasco foi "Planeta do Tesouro",
que custou US$ 140 milhões para
ser feito e rendeu apenas US$ 38
milhões quando lançado no início
deste ano.
Em entrevista à revista "Newsweek", para aplacar rumores, Eisner disse que a companhia vai
bem e que tem projetos apetitosos. Um deles seria o de refazer
suas histórias clássicas (originalmente criadas em 2D), valendo-se
de técnicas mais contemporâneas, como a animação computadorizada.
(MB)
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