São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2005

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CONVERSINHA

Fotógrafo revela: "nossa profissão é humilhante"

Na grande arena dos desfiles de moda, poucos se lembram, mas a figura mais importante é a do fotógrafo de passarela. Eles é que vão registrar aqueles únicos momentos que vão entrar para nosso imaginário e mudar a história da moda.
O fotógrafo carioca Marcio Madeira, 53, é um dos mais experientes do mercado. Idealizador do site www.firstview.com, maior biblioteca de desfiles disponível na internet, ele fotografa moda desde os anos 70, no Brasil, e temporada internacional desde 1978. São dele as fotos de desfile nas principais revistas internacionais, como a "Vogue" América, "Vogue" Paris, "Jalouse", os sites da Condé Nast, o "New York Times" e mais de 400 jornais nos EUA. Tudo com sua lente azul 70 x 200 mm. Falamos com ele após o desfile de Glória Coelho.
 
Folha - Qual o maior mico que você já presenciou ou passou em uma temporada?
Marcio Madeira -
Já vi de tudo. Já fui preso na saída de um desfile da Chanel após ter sido denunciado por amigos invejosos. Estava no meio de um desfile em 11 de setembro, a apresentação parou e fomos ver a torre cair. Já vi até fotógrafo morrer no meio do desfile. Isso sim é mico, porque modelo caindo e escorregando, tudo isso, já é normal e esperado.

Folha - Quanto tempo você costuma ficar em pé em um dia de trabalho?
Madeira -
Em média 16 horas. Não dá para perder o bom humor, senão não rola. Se você pensar, nossa profissão é humilhante.

Folha - Qual desfile mais te marcou?
Madeira -
Foi o primeiro internacional que fotografei, da estilista France Andrevie. A moda no Brasil não era o que é hoje naquela época, então fiquei encantado com a luz, com as modelos. Nunca tinha visto tanta luz.

Folha - Qual a temporada mais estressante?
Madeira -
Infelizmente, a SPFW. A natureza dos desfiles é muito complicada aqui. Os cenários são elaborados e não existem ensaios, dos quais eu participo para marcar lugar e luz antes dos desfiles internacionais. 80% da informação chega errada aqui no Brasil, por isso não consegui fotografar o desfile de Glória Coelho, por exemplo, já que as modelos não paravam no lugar que me informaram. Em todo lugar do mundo faço o trabalho com dois fotógrafos e aqui no Brasil preciso de quatro.


Colaborou Eduarda de Souza


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