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CONVERSINHA
Fotógrafo revela: "nossa profissão é humilhante"
Na grande arena dos desfiles de moda, poucos se lembram, mas a figura mais importante é a do fotógrafo de
passarela. Eles é que vão registrar aqueles únicos momentos que vão entrar para
nosso imaginário e mudar a
história da moda.
O fotógrafo carioca Marcio
Madeira, 53, é um dos mais
experientes do mercado.
Idealizador do site www.firstview.com, maior biblioteca
de desfiles disponível na internet, ele fotografa moda
desde os anos 70, no Brasil, e
temporada internacional
desde 1978. São dele as fotos
de desfile nas principais revistas internacionais, como a
"Vogue" América, "Vogue"
Paris, "Jalouse", os sites da
Condé Nast, o "New York Times" e mais de 400 jornais
nos EUA. Tudo com sua lente
azul 70 x 200 mm. Falamos
com ele após o desfile de Glória Coelho.
Folha - Qual o maior mico
que você já presenciou ou passou em uma temporada?
Marcio Madeira - Já vi de tudo. Já fui preso na saída de um
desfile da Chanel após ter sido
denunciado por amigos invejosos. Estava no meio de um desfile em 11 de setembro, a apresentação parou e fomos ver a torre
cair. Já vi até fotógrafo morrer
no meio do desfile. Isso sim é
mico, porque modelo caindo e
escorregando, tudo isso, já é
normal e esperado.
Folha - Quanto tempo você
costuma ficar em pé em um
dia de trabalho?
Madeira - Em média 16 horas.
Não dá para perder o bom humor, senão não rola. Se você
pensar, nossa profissão é humilhante.
Folha - Qual desfile mais te
marcou?
Madeira - Foi o primeiro internacional que fotografei, da estilista France Andrevie. A moda
no Brasil não era o que é hoje naquela época, então fiquei encantado com a luz, com as modelos.
Nunca tinha visto tanta luz.
Folha - Qual a temporada
mais estressante?
Madeira - Infelizmente, a
SPFW. A natureza dos desfiles é
muito complicada aqui. Os cenários são elaborados e não existem ensaios, dos quais eu participo para marcar lugar e luz antes dos desfiles internacionais.
80% da informação chega errada aqui no Brasil, por isso não
consegui fotografar o desfile de
Glória Coelho, por exemplo, já
que as modelos não paravam no
lugar que me informaram. Em
todo lugar do mundo faço o
trabalho com dois fotógrafos e
aqui no Brasil preciso de quatro.
Colaborou Eduarda de Souza
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