São Paulo, sábado, 4 de julho de 1998

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DA RUA
Menino Passarinho

FERNANDO BONASSI

Um passarinho canta como relógio. Chama outro. E no enxame de passarinhos que começa cantar, eu apago as luzes, e lá está o dia claro atrás das persianas. Bem na vidraça enganosa que parecia madrugada preta. Claro que eu deveria estar dormindo, mas fico esperando esse aviso assobiado. Depois, quando quero dormir, os passarinhos ficam mordendo minha orelha de pios. Mas também, as coisas mascadas q'ueu sonharia pro meu bico, nem alimentam um pintinho melado que sai dos ovos. Acho que é por isso que fico bem acordado. Me dou menos em problema.



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