São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2000


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"NEM TODAS AS MULHERES SÃO IGUAIS"
Homens são objetos do desejo em filme "para meninas"

CYNARA MENEZES
ESPECIAL PARA A FOLHA

É quase certo que o público masculino não veja méritos em "Nem Todas as Mulheres São Iguais" (a adaptação do título é boboca, esqueça). Típico filme "para meninas", do tipo que se convencionou chamar de comédia romântica, podia trazer o aviso: proibido para machões.
Mas há alguns méritos, sobretudo diante de outros do gênero. De fazer chorar não é, mesmo nos momentos melosos; tampouco de gargalhar, embora engraçado. Realmente feminino, sem dúvida: os únicos nus frontais da película são masculinos. E inteligente.
A protagonista, Margaret (Parker Posey), é atraente, mas não bonita. Suas amigas são belas -Brooke Shields e Elizabeth McGovern-, mas estão longe do estereótipo de mulher invejada, "rival" da espectadora. São bonitas e boazinhas, não lindas e más.
Há uma mulher linda, má e (como se não bastasse) jovem no filme, a aluna que corteja o professor, marido de Margaret. Sarah (Amy Phillips), porém, não parece ter muito mais a oferecer que seu frescor de ninfeta.
Margaret é uma escritora neurótica, casada com o primeiro e único homem de sua vida, Edward (Jeremy Northam, que também está em "Happy Texas"). Aos sete anos de casada começa a ser picada pela curiosidade de provar outros homens. E que homens! A começar pelo marido, os homens fazem bonito nesse filme.
Não é para menos. Seus corpos são apreciados sob todos os ângulos, principalmente na trama paralela: o livro que escreve Margaret, adaptação do diário escrito por um filósofo libertino na França do século 18 -o filme é baseado no romance "A Sobrinha de Rameau", de Cathleen Shine.
Quanto mais mergulha nas aventuras do filósofo, mais a jovem escritora se confunde em desejos. Por outro lado, o marido perfeito também está confuso, com uma pupila insinuando pecado a seu lado todo o tempo. Vai para casa, Margaret.
Parker Posey ("Amateur" e "Geração Maldita"), considerada uma das "musas" do cinema independente, faz rir com um misto de inocência, sensualidade e histeria.
Brooke Shields surpreende como a amiga fútil e lesbian chic de Margaret, que acaba lhe roubando um beijo na boca em um momento de tesão irresistível.
De qualquer maneira, são os homens que roubam a cena. Depois de tantos "Striptease", cruzadas de pernas, bumbuns arrebitados e decotes são deixados temporariamente de lado. Dessa vez os objetos de desejo são eles.


Nem Todas as Mulheres São Iguais
The Misadventures of Margaret     Direção: Brian Skeet Produção: Inglaterra/França, 1997 Com: Parker Posey, Elizabeth McGovern, Jeremy Northam e Brooke Shields Quando: a partir de hoje nos cines Lumière 2, Jardim Sul 8 e circuito




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