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ARTES PLÁSTICAS
"Art at the Turn of the Millennium" do alemão Riemschneider traça panorama da arte contemporânea
Brasileiros entram para "Bíblia" da arte
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ernesto Neto, Beatriz Milhazes e
Rivane Neuschwander. Os três artistas brasileiros já foram selecionados para a segunda edição de
"Art at the Turn of the Millennium", o livro que melhor traçou
o panorama da arte contemporânea na virada do século.
"Art" foi publicado na Alemanha pela editora Taschen, no ano
passado, editado pelo historiador
da arte e galerista Burkhard
Riemschneider e a curadora Uta
Grosenick. O livro está à venda no
Brasil, em português, o que deve
ocorrer com a nova edição.
Foi um trabalho de quatro anos,
que resultou na seleção de 137 artistas, a esmagadora maioria da
Europa e dos Estados Unidos. "O
título correto deveria ser "Arte
Ocidental na Virada do Milênio'",
disse à Folha o editor alemão
Riemschneider.
O galerista está no Brasil para
acompanhar o artista Franz Ackermann, que participa do livro, e
abriu ontem exposição na galeria
Camargo Vilaça, em São Paulo.
Riemschneider procura também
novos artistas brasileiros para a
nova edição de "Art".
Dos 193 artistas da primeira edição, apenas dez são oriundos do
lado de baixo do Equador e, mesmo entre eles, a maioria vive
atualmente acima da linha. "Eu
não posso inventar artistas, o critério principal foi escolher artistas
com grande penetração no mercado e que já realizaram grande
número de exposições", admite
Riemschneider.
Apesar do euro-norte-americanocentrismo, a seleção é ótima. Lá
estão todos os artistas com destaque na década de 90 e que são vistos no circuito Elizabeth Arden de
museus e galerias.
A boa nova é que Riemschneider prepara uma nova edição a ser
lançada no próximo ano. O título
provisório é "Art 2000" e o editor
tem mais três meses para terminar a seleção de artistas. Do Brasil,
ele já escolheu os cariocas Ernesto
Neto e Beatriz Milhazes e a mineira Rivane Neuschwander. "Admiro e acompanho o trabalho deles." O editor conheceu a obra dos
três por meio do galerista Marcantonio Vilaça (morto no início
deste ano), que levou vários obras
dos artistas para a Europa e EUA
nos últimos anos.
A seleção para a nova edição será bastante diferente de "Art at the
Turn of the Millennium". Neste,
foram selecionados não apenas
artistas emergentes, mas alguns
também já consagrados como a
fotógrafa Nan Goldin, o artista
plástico Jean-Michel Basquiat e o
videoartista Bill Viola. "Na nova
edição, cortaremos 50% dos artistas e levaremos em conta apenas
os que surgiram recentemente",
explica. Por isso, artistas como o
brasileiro Cildo Meireles, que merecia estar no primeiro volume, já
não pode participar do novo livro.
"É uma pena, mas o critério é rigoroso", afirma.
Uma das vantagens do primeiro
livro, e que será mantida, é a forma de sua edição. Apesar de traçar um perfil da arte contemporânea, o livro não busca criar teorias
sobre ela, apenas expor os artistas
e suas obras de forma didática:
"Fiz o livro para meus pais entenderem a arte contemporânea".
À cada artista, coube quatro páginas e o designer delas foi escolhido de acordo com as obras, como se fosse uma exposição.
"Não quis inventar "ismos", a arte vive um período sem movimentos, mas de grande diálogo
entre os meios, como pintura, escultura e vídeo, por isso o sucesso
do livro em refletir a abertura da
arte para o mundo", disse.
Riemschneider vive em Berlim
desde 1993. Mudou-se para lá como muitos outros alemães que foram viver no leste selvagem, depois da queda do muro, onde o lema era "tudo é possível". Hoje,
aos 37 anos, tem a galeria Neugeriemschneider, no Mitte, o bairro
dos artistas. O galerista chegou a
ser criticado, quando lançou o livro, por ter publicado os artistas
que representa. "Era inevitável, se
eu não gostasse deles, como poderiam estar na galeria?".
Livro: Art at the Turn of the Millennium
Autor:Burkhard Riemschneider e Uta
Grosenick
Editora: Taschen
Quanto: R$ 100 (575 págs., em
português)
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