São Paulo, sábado, 04 de agosto de 2001

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DA RUA

Berço esplêndido

FERNANDO BONASSI

Feito pães amanhecidos, embrulhados no cinismo de jornais antigos, os olhos pra sempre ardidos, infinitos bicos por medidos pratos de comida, sapatos passados ao rés-do-chão de melhores tempos, carteiras finas de fotografias amarelecidas, mais papeizinhos que documentos, mais esperança que crédito, mais cansaço que urgência, mais ferida que pele, mais família que tradição, mais deuses que dentes, mais doentes que psicopatas, auto-falantes sem ouvidos, pra sempre rendidos, atados a cintos cujos furos crescem à olhos vistos sobre cinturas minguantes... dormem brasileiros nos berços esplêndidos dos bancos de praça, como bandos sem graça, cercados de horizontes concretos onde dão com a cara.


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