|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DA RUA
Berço esplêndido
FERNANDO BONASSI
Feito pães amanhecidos,
embrulhados no cinismo de
jornais antigos, os olhos pra
sempre ardidos, infinitos bicos por medidos pratos de comida, sapatos passados ao
rés-do-chão de melhores
tempos, carteiras finas de fotografias amarelecidas, mais
papeizinhos que documentos, mais esperança que crédito, mais cansaço que urgência, mais ferida que pele, mais
família que tradição, mais
deuses que dentes, mais
doentes que psicopatas, auto-falantes sem ouvidos, pra
sempre rendidos, atados a
cintos cujos furos crescem à
olhos vistos sobre cinturas
minguantes... dormem brasileiros nos berços esplêndidos
dos bancos de praça, como
bandos sem graça, cercados
de horizontes concretos onde
dão com a cara.
Texto Anterior: Mônica Bergamo: Últimas palavras Próximo Texto: Panorâmica - Erudito: Clube de ópera exibe vídeos de Giuseppe Verdi Índice
|