Evento terá montagens de obras de Rossini e Puccini

IRINEU FRANCO PERPETUO
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM DO PARÁ

Sabe-se lá se por preguiça ou desinformação, os responsáveis por montar elencos de ópera no Brasil não têm muita criatividade ao escolher os cantores, rotineiramente caindo nos nomes que já irritaram a crítica e cansaram o público.
Rebatizado, em 2007, de Festival Internacional de Ópera da Amazônia e aberto na última quarta, com uma récita de "Il Guarany", de Carlos Gomes, o antigo Festival de Ópera do Teatro da Paz, em Belém do Pará, sempre procurou fugir da mesmice, abrindo espaço para boas vozes jovens.
O sucesso, desta vez, foi a paraense radicada na Alemanha Adriane Queiroz, uma Ceci próxima do ideal, com desenvoltura cênica, timbre escuro de soprano lírico e uma solidez no centro grave da voz que não compromete de forma alguma os difíceis agudos e coloraturas exigidos por seu papel.
Membro estável da Staatsoper -a melhor das três casas de ópera de Berlim, chefiada pelo mítico maestro Daniel Barenboim-, Queiroz foi o destaque da montagem dirigida por William Pereira, com o tenor Richard Bauer no papel-título e regência de Roberto Duarte, que fez uma revisão crítica da partitura, levando ao palco trechos que tradicionalmente eram cortados.
A noite teve ainda o barítono Manuel Alvarez como um Gonzales convincente e os baixos José Gallisa e Sávio Sperandio conferindo solidez aos papéis de Don Antônio e Cacique, respectivamente. Pena, apenas, que ainda não tenha ocorrido a efetiva profissionalização da Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz, em que o empenho dos músicos não consegue maquiar as suas evidentes limitações técnicas.
Além da troca de nome, o festival deste ano traz como novidade a parceria com o outro grande evento do gênero da região Norte, o Festival Amazonas de Ópera, de Manaus, que envia uma montagem da ópera "La Cenerentola", de Rossini, que, com regência de Luiz Fernando Malheiro, direção cênica de Caetano Vilela e Luciana Bueno no papel-título, sobe ao palco do Teatro da Paz em 30 de agosto e 1º de setembro.
"Il Guarany" tem mais uma récita amanhã. Semana que vem, é a vez da comédia "Gianni Schicchi", de Puccini, com récitas na terça e na quinta, dirigida pelo americano William Ferrara e com regência de Mateus Araújo, que faz ainda o concerto de encerramento do festival -uma apresentação ao ar livre, em 9/9. Informações pelo tel. 0/xx/91/4009-8760.