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ARTES PLÁSTICAS
Artista faz retrospectiva com 50 obras
Anna Bella Geiger é primeira a expor individualmente na China
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A artista plástica Anna Bella
Geiger, 71, abre hoje em Pequim a
primeira exposição individual de
um artista contemporâneo brasileiro a ser realizada na China.
A mostra tem caráter retrospectivo e reúne cerca de 50 obras realizadas nos últimos 40 anos,
abrangendo três linhas gerais do
seu trabalho: abstração, figuração
e o uso da cartografia para reflexão sobre temas como espaço e
identidade. As obras estão expostas na Red Gate Gallery, localizada
em uma torre de observação de
600 anos, em um dos poucos trechos que sobraram do antigo muro que cercava a capital chinesa.
A chegada da exposição de Geiger coincide com o aumento do
interesse dos chineses por esse tipo de arte e a maior tolerância do
governo com a produção artística
atual. "Até poucos anos, o governo ignorava ou tentava controlar
a arte contemporânea", afirma o
australiano Brian Wallace, diretor
da Red Gate Gallery.
Geiger e o curador da mostra,
Fernando Cocchiarale, estavam
ontem terminando de organizar a
exposição, na qual os trabalhos
que envolvem cartografia têm
presença destacada. "O uso dos
mapas começa no momento em
que o artista toma a cartografia e
tenta perceber o Brasil", observa
Geiger, que fez o primeiro trabalho do tipo em nos anos 70. Um
dos mais célebres, de 1975, é o que
reproduz o mapa-múndi de um
livro didático e o mergulha em
um mar onde se repetem as palavras "correntes culturais dependentes dominantes".
Antes dessa fase, Geiger havia
abandonado a abstração do início
de carreira e entrado no que o curador Cocchiarale chama de "nova figuração brasileira", na qual as
obras passam a ser povoadas por
pedaços de carne e representações de órgãos humanos.
Geiger já havia exposto na China em 2001, ao lado de outros 11
artistas contemporâneos brasileiros, e havia recebido o convite para a mostra individual no início de
2003. "Anna Bella Geiger faz parte
do reduzido grupo de artistas do
país que elaborou, na própria
obra, a passagem do moderno para o contemporâneo", diz Cocchiarale, que é presidente do
MAM (Museu de Arte Moderna)
do Rio, no catálogo de apresentação da mostra.
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