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ARTES VISUAIS
Em São Paulo para um colóquio e lançamento de livro, Philippe Dubois fala sobre a estética da imagem
"O vídeo pensa o que o cinema cria"
EDER CHIODETTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Tão estimulado quanto desorientado ao caminhar pelos
cenários dessa "cidade-tela" chamada São Paulo, o francês Philippe Dubois, um dos principais teóricos da atualidade em estética da
imagem, passou nesta semana pela cidade para dois eventos: o colóquio "Imagens da Metrópole na
França e no Brasil Representações
Modernas e Contemporâneas",
na USP, e o lançamento de sua coletânea de ensaios "Cinema, Vídeo, Godard" (Cosac & Naify).
No colóquio, Dubois, que é professor da Universidade Paris 3,
proferiu a palestra "A cidade-tela
ou o devir imagem do espaço urbano no cinema". Antes, em entrevista à Folha, explicou um
pouco esse conceito: "No cinema,
as cidades são sempre dadas como imagem, o lugar no qual antes
de sermos habitantes somos espectadores. Se num primeiro momento o cinema fez da cidade
uma fachada, hoje detectamos
que a arquitetura contemporânea
incorporou a idéia de cidade-tela,
tanto na forma quanto na iluminação. Andamos pelas cidades
como se estivéssemos num cenário de cinema. A vida se transformou num espaço de exposição de
imagens", diz.
Autor da obra "O Ato Fotográfico" (1990), considerado um dos
textos seminais na área da fotografia, Dubois desde então passou
a pesquisar o vídeo, sempre relacionando-o com a linguagem cinematográfica. "Cinema, Vídeo,
Godard" é uma coletânea de nove
ensaios publicados na imprensa
mundo afora e reunidos pela primeira vez, apenas em português,
por sugestão de amigos brasileiros do autor.
Nas três partes que subdividem
o volume, Dubois delineia um
corpo estético específico do vídeo,
com um apanhado histórico da
videoarte, comenta as relações do
cinema com o vídeo e como grandes cineastas se serviram dessa
linguagem nas décadas de 70 e 80;
por fim, faz uma análise de como
o cineasta Jean-Luc Godard incorporou o vídeo na sua produção cinematográfica.
"O videoarte é uma forma de
expressão que se encontra na intersecção do cinema com as artes
plásticas, a televisão e o rádio.
Penso que o vídeo não é um objeto acabado, é um processo, e como tal ele permanece em constante movimento de mutação, um
campo aberto para a reflexão
constante da imagem e do som.
Por isso, ao observar a obra de
Godard, percebo que o vídeo pensa o que o cinema cria", diz.
O livro será traduzido para o
francês? "Sim, mas não assim exatamente. Haverá mudanças.
Também estou em movimento...
Gosto de me ver à imagem do vídeo, como um ser de passagem,
dotado de existência breve e identidade incerta", conclui.
CINEMA, VÍDEO, GODARD. Autor:
Philippe Dubois. Editora: Cosac & Naify.
Quanto: R$ 52,50 (329 págs.)
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