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TELEVISÃO
Greve dos dubladores já tira programas do ar
RENATO FRANZINI
da Reportagem Local
A greve dos dubladores brasileiros entra hoje no seu 19º dia e já
começa a tirar do ar programas
nos canais da TV aberta.
Por falta de novos episódios dublados, os seriados "Lente Loco" e
"Cristina Show", da CNT/Gazeta,
foram cancelados esta semana.
Se a greve continuar, a emissora
será obrigada a parar de exibir seu
carro-chefe, a novela mexicana
"Canavial de Paixões", que só tem
capítulos dublados para até a próxima sexta-feira.
A novela teve até sua duração
diária de 40 minutos cortada pela
metade para "durar" mais.
Na Record e em canais da TV paga como o Teleuno, seriados estão
sendo reprisados também por falta
de episódios.
Os canais Discovery Kids (em
português), Family Channel e Casa Club estão tendo dificuldades
para estrear no Brasil por falta de
programas dublados.
A categoria dos dubladores no
Brasil é formada por cerca de 350
profissionais -quase todos entraram em greve em 15 de setembro.
A maioria dos dubladores trabalha como autônomo para as 27
empresas (17 em São Paulo e 10 no
Rio) que atuam no país.
A reivindicação dos dubladores é
aumentar o salário atual de R$
16,00 por hora (para quem tem
carteira assinada) e R$ 22,00 por
hora (para free-lancers), para R$
65,00 e R$ 84,00, respectivamente.
Como as empresas não fizeram
contraproposta, a Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo
interferiu e propôs um aumento
para R$ 30,00 e R$ 39,00.
A proposta é de âmbito nacional
e precisa ser ratificada pelos dubladores até terça-feira. Na segunda,
está programada uma assembléia
dos profissionais no Rio.
"Acho que dá para aceitar a proposta. Mas vamos exigir mais", diz
o dublador Antônio Moreno, 51,
líder da categoria em São Paulo.
Moreno, que já fez as vozes de
Charles Bronson em alguns filmes
da série "Desejo de Matar", afirma que não recebe aumento real
desde o início do Plano Real.
Segundo ele, um dublador não
pode trabalhar mais do que 60 horas por mês, para não ficar com a
voz muito desgastada. "Muitos
são obrigados a fazer comerciais e
até bicos em novelas", disse.
As empresas, que cobram em
média R$ 45,00 por minuto de dublagem, concordaram com o aumento provisório.
"Mas acho que vai ser difícil absorver esse custo", disse João
Francisco Garcis Filho, 48, dono
da Dublavídeo de São Paulo.
Caso os dubladores prossigam a
greve, sua empresa estuda a demissão em massa. Nesse caso, um
cursinho de emergência seria dado
a atores e a produção só se normalizaria em três meses.
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