São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000
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GRAVADORAS Trama advoga a quebra de paradigmas antigos; Abril aplica mecanismos aprendidos da grande indústria Nacionais crescem com táticas diferentes
DA REPORTAGEM LOCAL
Folha - Que projeções podem ser
feitas para o futuro da gravadora? Trama - O grande desafio é continuar como está, manter os processos que já estão acontecendo.
Imaginando uma curva de três
anos, agora é que os produtos estão começando a crescer, agora é
que a festa vai começar. Mas não
sei se queremos fazer grandes nomes na Trama. Artista mainstream muitas vezes vira administração de problemas. Compramos um terreno de 30 mil m2, que
vai abrigar a sede da gravadora,
estúdio, um cineminha, um anfiteatro, espaço para ensaios. Folha - Quais são as prioridades
da gravadora neste momento? Trama - A prioridade é, sempre,
o conteúdo. Sabemos que a próxima mídia é o DVD e que, num futuro próximo, 70% da música será conjugada com imagem. Então
somos loucos de desenvolver o setor de imagem com o de música. Folha - A entrada da Abril e da
Trama trouxe modificações concretas ao mercado nacional? Trama - É um processo em desenvolvimento, que nunca acaba.
Ninguém aqui é, todo mundo está. Primeiro existia um cantor e ao
redor dele se formou uma indústria. Não foi o contrário. Invertendo o sinal, como a indústria faz, só
se cai em placebos. A grande contribuição que a Trama vem trazendo é de gerar um novo modelo, cuidar do artista, da capa do
disco. A Abril mudou o panorama do ponto de vista de negócios.
Provou que qualquer pessoa
competente que ousar pode entrar nesse mercado. Eram cinco
grandes, agora são seis. Folha - A gravadora pretende se
igualar em algo às multinacionais? Trama - Não. Não podemos querer nos basear em algo que está
morrendo. Não vou me vestir para uma festa que está terminando.
Não queremos ser comparados
em nada, nem em números. O hit
é quase sempre o canto de cisne
do artista. Dez caras atravessam
os anos, mas quase nenhum sobrevive a virar sombra de si. Havia toda uma bajulação em torno
de Elis Regina, mas o caixão de
qualquer um tem seis alças, e
preenchê-las não é fácil. Folha - Existe jabá (comércio
clandestino entre gravadoras e rádios) no Brasil? Trama - O jabá da forma como
conhecemos não existe mais. Hoje há nota fiscal, compra de espaço publicitário. Não adianta, Simoninha não toca em rádios com
prática comercial mais dura. Mas
fazemos promoção, sorteio. Folha - Que artistas a gravadora
gostaria de ter e não tem? Trama - Djavan, João Bosco,
Paulinho da Viola, Lenine, Nação
Zumbi, O Rappa, Lucas Santtana.
Baden Powell, que tivemos a sorte
de ter no final da vida. Negociamos com Elza Soares, mas não foi
adiante. Talvez quisesse Roberto
Carlos, mas não a marca, e sim o
cara que canta e compõe. Queria
encontrar um artista que preenchesse a lacuna deixada por ele. |
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