São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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DOCUMENTÁRIO

Tonino Guerra desvenda mistérios do cinema

CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DA ILUSTRADA

Tanto é consenso para uns que o cinema é pura diversão quanto para outros que a expressão em imagens e sons constitui uma forma específica de arte. Para estes, a querela que se estende desde meados do século passado permanece centrada na questão do artista: afinal, quem é o autor desse tipo de obra, eminentemente coletiva em sua feitura?
No documentário "Um Encontro com Tonino Guerra", a discussão retorna à tona e dela o espectador consegue sair pelo menos com um ponto de vista sólido em mãos, guiado pela posição firme de um dos mais importantes roteiristas do cinema moderno.
Poeta e romancista na origem, Tonino Guerra, 84, transferiu-se com armas e bagagem para o cinema em meados dos anos 50. A partir dali, de suas mãos saíram palavras e diálogos que seriam concretizados em imagens por integrantes do primeiro time do cinema italiano (àquela altura, baluarte da modernidade cinematográfica). Antonioni (desde "A Aventura"), Fellini (a partir de "Amarcord"), o De Sica tardio, Francesco Rosi e os Taviani foram alguns dos criadores para os quais Guerra emprestou seu humanismo clássico, sua poesia nua de sentimentalismos e, mais que tudo, sua visão pessimista da modernidade.
Como se não bastasse, a esse time depois ainda se agregariam o russo Andrei Tarkovski e o grego Theo Angelopoulos, dois mestres à sua maneira.
Sem falsa modéstia, Guerra responde à questão da autoria sem ceder à tentação da vaidade estimulada pelo entrevistador. Assume que é, sim, grande, mas lembra que o diretor é, sim, o autor. Porque ao tomar nas mãos o poder da palavra e das situações escritas num roteiro é do cineasta, em última instância, que emana o concerto de tudo em uma visão, a transformação de uma idéia em expressão. Ou seja: em cinema.


UM ENCONTRO COM TONINO GUERRA. Quando: hoje, às 22h; ter., às 7h; dia 14/ 10, às 5h30 e dia 27/10, às 20h30; no Eurochannel.


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