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DOCUMENTÁRIO
Tonino Guerra desvenda mistérios do cinema
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DA ILUSTRADA
Tanto é consenso para uns que o
cinema é pura diversão quanto
para outros que a expressão em
imagens e sons constitui uma forma específica de arte. Para estes, a
querela que se estende desde
meados do século passado permanece centrada na questão do
artista: afinal, quem é o autor desse tipo de obra, eminentemente
coletiva em sua feitura?
No documentário "Um Encontro com Tonino Guerra", a discussão retorna à tona e dela o espectador consegue sair pelo menos com um ponto de vista sólido
em mãos, guiado pela posição firme de um dos mais importantes
roteiristas do cinema moderno.
Poeta e romancista na origem,
Tonino Guerra, 84, transferiu-se
com armas e bagagem para o cinema em meados dos anos 50. A
partir dali, de suas mãos saíram
palavras e diálogos que seriam
concretizados em imagens por integrantes do primeiro time do cinema italiano (àquela altura, baluarte da modernidade cinematográfica). Antonioni (desde "A
Aventura"), Fellini (a partir de
"Amarcord"), o De Sica tardio,
Francesco Rosi e os Taviani foram
alguns dos criadores para os quais
Guerra emprestou seu humanismo clássico, sua poesia nua de
sentimentalismos e, mais que tudo, sua visão pessimista da modernidade.
Como se não bastasse, a esse time depois ainda se agregariam o
russo Andrei Tarkovski e o grego
Theo Angelopoulos, dois mestres
à sua maneira.
Sem falsa modéstia, Guerra responde à questão da autoria sem
ceder à tentação da vaidade estimulada pelo entrevistador. Assume que é, sim, grande, mas lembra que o diretor é, sim, o autor.
Porque ao tomar nas mãos o poder da palavra e das situações escritas num roteiro é do cineasta,
em última instância, que emana o
concerto de tudo em uma visão, a
transformação de uma idéia em
expressão. Ou seja: em cinema.
UM ENCONTRO COM TONINO
GUERRA. Quando: hoje, às 22h; ter., às
7h; dia 14/ 10, às 5h30 e dia 27/10, às
20h30; no Eurochannel.
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