|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aos 82, dona de uma das maiores vozes do Brasil, cantora sofreu infarto; velório será na Câmara dos Vereadores
Mito do rádio, Emilinha Borba morre no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Emilinha Borba, uma das mais
populares cantoras da história da
música brasileira, morreu ontem,
aos 82 anos. Ela sofreu um infarto
por volta das 14h30 enquanto almoçava em sua casa, em Copacabana (zona sul do Rio).
O corpo da cantora seria velado
durante toda a noite de ontem e a
manhã de hoje na Câmara dos
Vereadores do Rio, repetindo o
que aconteceu com outros grandes mitos, como Francisco Alves e
Carmen Miranda. O enterro está
previsto para as 17h no cemitério
do Caju. Em junho passado, Emilinha fora hospitalizada por causa
de uma queda que provocou traumatismo craniano e hemorragia
intracraniana, mas conseguiu se
recuperar.
Emília Savana da Silva Borba
nasceu em 31 de agosto de 1923. A
morte de seu pai levou a mãe,
Edith, a buscar emprego no Cassino da Urca. A paixão pela música
da menina e de sua irmã Xeriza
-que largaria a profissão ao se
casar com o compositor Peterpan- revelou-se desde cedo.
Ainda como Emília Borba, ela
começou sua carreira em 1937,
atuando em diversas emissoras.
Participou de programas de auditório como o de Ary Barroso, de
quem recebeu nota máxima pela
interpretação de "O X do Problema", de Noel Rosa.
Em 1939, com apenas 15 anos,
chegou ao disco e ao sucesso com
a marcha de Carnaval "Pirulito",
da dupla Braguinha/Alberto Ribeiro, mas seu nome nem sequer
apareceu no selo, ficando os créditos para o cantor Nilton Paz. O
nome artístico Emilinha só vingaria em 1941, época em que transitou pelas rádios Mayrink Veiga,
quando formou dupla com Bidú
Reis (As Moreninhas), e Nacional.
Dois anos antes, fazia parte do
elenco de crooners do Cassino da
Urca, graças à ajuda de Carmen
Miranda, que lhe emprestou um
vestido e sapatos plataforma para
que ela, menor de idade, pudesse
fazer o teste. Em 1942, participou
das filmagens de "É Tudo Verdade", o lendário filme inacabado
rodado por Orson Welles no Brasil. Nesse ano, foi contratada pela
primeira vez pela Nacional, saindo meses depois. Em 1943, foi novamente contratada, e dispensada
dois anos depois. Em 1947, a rádio
se redimiria e iniciaria o trabalho
que a transformou em mito.
São desse ano dois grandes sucessos: a marcha "Escandalosa" e
o bolero "Se Queres Saber", composto pelo cunhado Peterpan.
Foi em 1949 que nasceu a rivalidade com Marlene. A disputa pelo título de "rainha do rádio", importantíssimo na época, incendiou auditórios, revistas e fãs-clubes. Apoiada pelos marinheiros,
Emilinha passou a ser chamada
de "a favorita da Marinha". Mas
Marlene venceu a eleição.
Em parte verdadeira, mas muito
fabricada, a rivalidade pública
ocultava uma boa relação entre as
duas, que chegaram a gravar e fazer shows juntas. Emilinha ganharia nos anos seguintes alguns
títulos de "rainha do rádio".
Embora tenha se notabilizado
como a mais popular das intérpretes de marchinhas carnavalescas, Emilinha gravou dezenas de
sambas, baiões e boleros. Seu carisma chegou ao cinema, em especial nos filmes da Atlântida.
Emilinha se casou, em 1957,
com Artur Sousa Costa, com
quem teve um filho, Artur Emílio.
Em 1968, foi operada de um edema nas cordas vocais. Recuperou
a saúde, mas não o sucesso. Nos
últimos anos, costumava vender
em praças seu disco "Emilinha
Pinta e Borda", gravado em 2003,
e fazia shows no Carnaval carioca.
Texto Anterior: Literatura: Nelson Pereira se candidata à ABL Próximo Texto: Repercussão Índice
|