São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aos 82, dona de uma das maiores vozes do Brasil, cantora sofreu infarto; velório será na Câmara dos Vereadores

Mito do rádio, Emilinha Borba morre no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Emilinha Borba, uma das mais populares cantoras da história da música brasileira, morreu ontem, aos 82 anos. Ela sofreu um infarto por volta das 14h30 enquanto almoçava em sua casa, em Copacabana (zona sul do Rio).
O corpo da cantora seria velado durante toda a noite de ontem e a manhã de hoje na Câmara dos Vereadores do Rio, repetindo o que aconteceu com outros grandes mitos, como Francisco Alves e Carmen Miranda. O enterro está previsto para as 17h no cemitério do Caju. Em junho passado, Emilinha fora hospitalizada por causa de uma queda que provocou traumatismo craniano e hemorragia intracraniana, mas conseguiu se recuperar.
Emília Savana da Silva Borba nasceu em 31 de agosto de 1923. A morte de seu pai levou a mãe, Edith, a buscar emprego no Cassino da Urca. A paixão pela música da menina e de sua irmã Xeriza -que largaria a profissão ao se casar com o compositor Peterpan- revelou-se desde cedo.
Ainda como Emília Borba, ela começou sua carreira em 1937, atuando em diversas emissoras. Participou de programas de auditório como o de Ary Barroso, de quem recebeu nota máxima pela interpretação de "O X do Problema", de Noel Rosa.
Em 1939, com apenas 15 anos, chegou ao disco e ao sucesso com a marcha de Carnaval "Pirulito", da dupla Braguinha/Alberto Ribeiro, mas seu nome nem sequer apareceu no selo, ficando os créditos para o cantor Nilton Paz. O nome artístico Emilinha só vingaria em 1941, época em que transitou pelas rádios Mayrink Veiga, quando formou dupla com Bidú Reis (As Moreninhas), e Nacional.
Dois anos antes, fazia parte do elenco de crooners do Cassino da Urca, graças à ajuda de Carmen Miranda, que lhe emprestou um vestido e sapatos plataforma para que ela, menor de idade, pudesse fazer o teste. Em 1942, participou das filmagens de "É Tudo Verdade", o lendário filme inacabado rodado por Orson Welles no Brasil. Nesse ano, foi contratada pela primeira vez pela Nacional, saindo meses depois. Em 1943, foi novamente contratada, e dispensada dois anos depois. Em 1947, a rádio se redimiria e iniciaria o trabalho que a transformou em mito.
São desse ano dois grandes sucessos: a marcha "Escandalosa" e o bolero "Se Queres Saber", composto pelo cunhado Peterpan.
Foi em 1949 que nasceu a rivalidade com Marlene. A disputa pelo título de "rainha do rádio", importantíssimo na época, incendiou auditórios, revistas e fãs-clubes. Apoiada pelos marinheiros, Emilinha passou a ser chamada de "a favorita da Marinha". Mas Marlene venceu a eleição.
Em parte verdadeira, mas muito fabricada, a rivalidade pública ocultava uma boa relação entre as duas, que chegaram a gravar e fazer shows juntas. Emilinha ganharia nos anos seguintes alguns títulos de "rainha do rádio".
Embora tenha se notabilizado como a mais popular das intérpretes de marchinhas carnavalescas, Emilinha gravou dezenas de sambas, baiões e boleros. Seu carisma chegou ao cinema, em especial nos filmes da Atlântida.
Emilinha se casou, em 1957, com Artur Sousa Costa, com quem teve um filho, Artur Emílio. Em 1968, foi operada de um edema nas cordas vocais. Recuperou a saúde, mas não o sucesso. Nos últimos anos, costumava vender em praças seu disco "Emilinha Pinta e Borda", gravado em 2003, e fazia shows no Carnaval carioca.


Texto Anterior: Literatura: Nelson Pereira se candidata à ABL
Próximo Texto: Repercussão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.