São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Bloc Party vai do eletrônico ao dark

Banda inglesa que fez playback no VMB anteontem volta ao Brasil para show em festival com novo disco "Intimacy"

Com letras mais tensas que as de outros grupos britânicos, o vocalista Kele Okereke diz que o Bloc Party buscou "som mais orgânico" em seu terceiro CD

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bloc Party "quase" fez sua primeira apresentação no Brasil anteontem à noite. "Quase" porque a banda inglesa fez playback durante mini-show no VMB, a premiação anual da MTV Brasil (leia texto nesta página), em São Paulo. Se ainda não é uma banda mundialmente famosa, o Bloc Party já goza de certa notoriedade; tanto que a MTV Brasil bancou trazer o grupo para o país em esquema "bate-volta": o quarteto desembarcou no Brasil anteontem e foi embora ontem. O show completo do Bloc Party poderá ser visto no Planeta Terra, festival que acontece em São Paulo em 8 de novembro e que terá ainda Jesus & Mary Chain, Offspring, Kaiser Chiefs, entre outros. Às vésperas do lançamento físico do terceiro disco, "Intimacy", no próximo dia 21 (o lançamento digital ocorreu em agosto), o vocalista Kele Okereke falou à Folha sobre a correria das viagens e a relativa popularidade, que o faz ser perseguido nas ruas de Chicago (cena presenciada pela reportagem da Folha, em agosto): "Não me importo com isso [viajar para o Brasil e ficar menos de dois dias no país]. Estamos no terceiro disco, sabemos como as coisas funcionam, que devemos promover os álbuns." "Sobre ser reconhecido na rua, há algumas situações chatas. Mas uma coisa é quando você está num show e as pessoas querem falar com você, pegar autógrafos. No Reino Unido, isso não acontece tanto. Pelo menos não tanto quanto com Liam Gallagher", conta. "Lembro de quando estávamos gravando nosso disco, em Primrose Hill [na região norte de Londres]. Saímos para almoçar e Liam estava passando pela rua. Um cara num carro parou e gritou para ele: "Dickhead" [em tradução livre, idiota, babaca]. Deve ser chato quando as pessoas gritam "dickhead" para você na rua. Mas, ainda bem, até hoje ninguém me xingou de "dickhead"."

Fácil e orgânico
Com relação a "Intimacy", Okereke diz que foi "o disco mais fácil que já produzimos". "Gravamos com três produtores, as músicas fluíram bem rápido, foi bem tranqüilo." O disco tem gosto variado: de canções que tendem à eletrônica, como o single "Mercury", a faixas mais densas, dark, passando por canções de clima bem roqueiro. "Queríamos um álbum que soasse o mais orgânico possível, como se tivéssemos tocando ao vivo", diz Okereke. "Ao mesmo tempo, queríamos testar manipulações", afirma o baterista Matt Tong. "Que alguns vocais soassem como samples de vocais, que a bateria ficasse quase mecânica." As letras do Bloc Party vão em direção oposta às de outras bandas britânicas, que costumam cantar sobre garotas, sobre ir a pubs e beber até cair; com o Bloc Party, o mundo adquire tons mais escuros, tensos. "São como eu vejo as coisas. Não vejo o mundo como os caras do Arctic Monkeys, por exemplo", compara Okereke. Apesar de não contar com um hit imediato como "Banquet" (do primeiro disco, "Silent Alarm"), "Intimacy" deve consolidar o Bloc Party como uma das principais bandas do rock britânico dos anos 2000.

MULHER DE MÚSICO NÃO ENTRA NO PAÍS
A mulher de Matt Tong, baterista do Bloc Party, foi barrada anteontem no aeroporto de Cumbica, em São Paulo, porque não tinha visto de entrada -ela possui passaporte norte-americano. Segundo o músico, ela não foi autorizada a entrar no país e teve que pegar um avião de volta para o Reino Unido.


PLANETA TERRA
Quando: 8 de novembro
Com: Bloc Party, Jesus & Mary Chain, Offspring, Kaiser Chiefs, Animal Collective, Calvin Harris e outros
Onde: Villa dos Galpões (av. das Nações Unidas, 20.003; São Paulo)
Quanto: R$ 100 (segundo lote)
Censura: 18 anos



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