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PERSONALIDADE
Produtor negociava com a Natasha lançamento de seu disco solo, que só saiu na Europa
Suba morreu sem assinar contrato
Jorge Araújo - 21.jan.99/Folha Imagem
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O produtor iugoslavo Mitar Subotic, que morreu na terça em Sâo Paulo |
DANIEL CASTRO
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
O produtor musical Mitar Subotic, 38, morto anteontem em
São Paulo, iria assinar contrato
nesta semana para lançar no Brasil seu primeiro disco solo, "São
Paulo Confessions", lançado no
início do ano na Europa.
"Estava tudo acertado, mas o
contrato não foi assinado, por um
atraso da própria gravadora. As
bases estavam todas firmadas, estaríamos mandando o contrato
para ele nesta semana. Agora não
sabemos o que fazer", afirmou
Conceição Lopes, uma das sócias
da Natasha Records.
Taciana Barros, ex-mulher de
Suba e ainda legalmente casada
com ele, disse que vai entrar em
contato com a mãe do produtor,
que mora na Iugoslávia, e que irá
autorizar o lançamento do disco
no Brasil, mas que ainda não definiu se irá assinar com a Natasha.
A cantora e compositora afirmou que o CD de Suba está recebendo críticas elogiosas da imprensa especializada européia. Segundo ela, a revista "Rolling Stone" alemã irá dar a seus leitores,
como brinde, 50 mil cópias de um
CD com a faixa "Você Gosta".
Segundo Conceição Lopes, que
é também empresária de Daniela
Mercury, a cantora e Suba estiveram juntos durante cinco dias em
Salvador na semana passada, gravando bases do que pode se tornar o próximo disco da artista.
"Ele foi chamado para dar uma
cara moderna às faixas pop do
novo trabalho de Daniela. Ele não
seria o produtor do CD, mas sim
um arranjador", disse. O material
gravado por Suba e Daniela será
avaliado pela gravadora BMG e
pode ou não ser aproveitado.
Suba estava produzindo também um álbum de Bebel Gilberto,
cantora brasileira radicada em
Londres, que deixou inconcluso.
Ele viajaria hoje para a Bélgica,
para promover seu CD e produzir
duas faixas do disco de Bebel, que
sairia pelo selo belga Crammed, o
mesmo que editou o de Suba.
Iugoslavo estabelecido em São
Paulo desde 1990, ele morreu por
volta das 6h30 de terça, provavelmente por asfixia -o atestado de
óbito não determinou a causa-,
em decorrência de um incêndio
em seu apartamento.
Músico de formação erudita,
passou a trabalhar em produção
no Brasil, concebendo discos com
elementos eletrônicos de Marina
Lima, Arnaldo Antunes, Edgard
Scandurra, Mestre Ambrósio, Dinho Ouro-Preto, Taciana Barros e
Edson Cordeiro, entre outros.
Seu velório, na noite de terça-feira, foi acompanhado por amigos/artistas como André Abujamra, Dinho Ouro-Preto, Edgard
Scandurra, Edson Cordeiro, Kiko
Zambianchi, Lala Deheinzelin,
Marisa Orth e Taciana Barros.
Produtores musicais avaliaram
o impacto de sua morte para o
pop nacional. "Foi um gringo bacana que veio ensinar à minha geração de produtores de música
que é preciso ter coragem. Sua
perda fere nossa geração tanto
quanto a morte de Chico Science
feriu sua geração de artistas", afirmou Dudu Marote.
Para Carlos Eduardo Miranda,
produtor da gravadora Trama,
"ele veio do outro lado do mundo
e entendeu tudo desta bagunça.
Conseguiu acrescentar um monte
a artistas muito diferentes. Ele
não havia nem chegado perto de
onde podia chegar, ia ser uma peça-chave na internacionalização
da música brasileira".
Em uma cerimônia no Crematório de Vila Alpina (zona sudeste), cerca de 15 amigos se despediram de Suba ontem, às 11h30. Na
cerimônia, tocaram trechos de
um disco experimental, feito por
Suba no início da década, "Dream
Birds", com cantos de pássaros.
Suas cinzas deverão ser enviadas
para sua mãe, na Iugoslávia.
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