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ARTE
Exposição tem obras nunca apresentadas ao público no Brasil, mas não será vista no país de Aleijadinho
"Brasil Barroco" é só para francês ver
CRISTINA GRILLO
LUIZ ANTONIO DEL TEDESCO
enviados especiais a Paris
A mais completa exposição sobre o barroco brasileiro não será
vista no Brasil. "Brasil Barroco
-Entre Céu e Terra", mostra que
reúne 350 obras de artistas brasileiros, entre elas preciosidades de
Aleijadinho, será desmontada no
dia 6 de fevereiro. Até lá, só pode
ser vista no Museu de Belas Artes
da Cidade de Paris, o Petit Palais.
Problemas de datas, de patrocínio e de empréstimos de obras
impedirão a visita ao Brasil.
"É uma grande emoção ver,
aqui, obras que jamais pude ver
lá", disse o ministro da Fazenda,
Pedro Malan, que participou da
festa de abertura da exposição,
terça-feira em Paris.
Malan resumia o pensamento
dos presentes à inauguração. A
exposição, que mostra o melhor
da arte brasileira nos séculos 16,
17 e 18, foi organizada pela Prefeitura de Paris, pela União Latina e
pelo Ministério da Cultura do
Brasil para comemorar os 500
anos do descobrimento e a chegada do ano 2000 na Europa.
"Brasil Barroco" foi montada
com obras emprestadas por 49
instituições e colecionadores particulares brasileiros, muitas das
quais não são expostas.
Para o ministro da Cultura,
Francisco Weffort, que tambémesteve na inauguração, será difícil levar a exposição para o Brasil
porque os museus que emprestaram as obras não podem ficar
"desfalcados" por muito tempo.
A execução de "Brasil Barroco
-Entre Céu e Terra" foi cercada de
cuidados inéditos. Desde julho foi
feita uma pesquisa, com sensores,
para se estabelecer uma temperatura média e um grau de umidade
adequados para a conservação
das peças.
"As condições em que essas
obras ficam no Brasil são muito
diferentes das encontradas aqui.
Foi preciso criar condições semelhantes", disse Maria Ignez Mantovani, coordenadora técnica da
exposição.
Assim, os 13 salões do Petit Palais foram climatizados para ter
uma temperatura média de 24C
e umidade em torno de 75%
-em vez de desumidificadores,
utilizados em exposições de grande porte para garantir a preservação das obras, o Petit Palais recebeu umidificadores.
O arquiteto italiano Massimo
Quendolo, 40, escolhido para organizar o espaço da mostra, não
chegou a visitar as igrejas de onde
saiu a maior parte das obras, mas,
se servindo de uma luminosidade
tênue e de linhas curvas, conseguiu de certa forma dar um clima
plácido ao local.
"Não quero dar forma à forma.
O que faço é uma espécie de minimalismo. Se o visitante disser que
-do ponto de vista arquitetônico- não vê nada, é porque tudo
está ali", disse.
"Brasil Barroco" ocupa mais do
que 13 salas e 2.800 m2 do Petit Palais. As 518 páginas do catálogo
editado para a mostra são um
prolongamento da exposição.
Logo após um "avant-propos"
no qual foram colocadas todas as
formalidades de praxe (textos de
apresentação e agradecimento de
Fernando Henrique Cardoso, Jacques Chirac, Francisco Weffort e
Jean Tiberi -prefeito de Paris-,
entre outros), um capítulo de introdução traz textos dos três curadores da mostra.
Mas é daí para a frente que o catálogo se torna uma quase obra de
arte. Começando pelas 105 páginas do capítulo "Estudos", no
qual historiadores (Nicolau Sevcenko, Ana Maria de Moraes Belluzzo), arquitetos e poetas (Haroldo de Campos) traçam um
"perfil" do barroco, resgatando
sua origem e relacionando-o com
o mundo contemporâneo.
Há comentários sobre todas as
350 obras expostas no Petit Palais,
incluindo as oito monumentais
fotos da entrada da mostra, reproduzindo fachadas de igrejas
brasileiras.
O único "inconveniente" é o fato de os textos estarem apenas em
francês, mas os organizadores já
garantiram que em breve haverá
uma versão em português.
Para ver a exposição na Internet: http://bresilbaroque.free.fr.
Os jornalistas Cristina Grillo e Luiz Antonio
Del Tedesco viajam a convite da Michelin e
do Banco Safra
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