|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
Diretor americano sedento por polêmica e escândalo abandona teorias conspiratórias e realiza filme 'noir'
Oliver Stone busca diversão em 'U-Turn'
ELAINE GUERINI
enviada especial a Los Angeles
Oliver Stone, 51, parece ter se curado da paranóia de violência e
conspiração que direcionou sua
carreira cinematográfica nos últimos 11 anos. Em "U-Turn", seu
filme mais recente -com previsão
de estréia no Brasil para 27 de fevereiro-, ele não demonstra a mesma fome de escândalo e atenção.
Depois de iniciar o gosto pela polêmica com "Salvador, o Martírio
de um Povo" (1986) -passando
por "Platoon" (86), "JFK" (91) e
"Assassinos por Natureza"
(94)-, Stone se rende agora ao
entretenimento. "U-Turn", estrelado por Sean Penn, não vai
além de uma história de assassinato apoiada na estética noir.
"Não preciso provocar um incêndio toda vez que faço um filme", disse o cineasta norte-americano em entrevista à Folha, concedida no hotel Four Seasons, de
Beverly Hills, em Los Angeles.
"Não estou me voltando contra o
que já fiz. Só quero experimentar
outros gêneros."
Stone decidiu rodar "U-Turn"
enquanto reescrevia o livro "A
Child's Night Dream" -uma semi-autobiografia que ele afirma
ter iniciado na adolescência.
"Queria fazer um filme de orçamento menor. Algo que tomasse
menos tempo e fosse divertido."
"U-Turn" é baseado no livro
"Stray Dogs", de John Ridley.
Conta as desventuras de um jogador de tênis falido (Penn) que, a
caminho de Las Vegas para pagar
uma dívida de jogo, se envolve em
trama de assassinato em uma cidadezinha do deserto do Arizona.
"O que mais me atraiu foi a possibilidade de fazer pela primeira
vez um thriller. Aproveitei para
homenagear Hitchcock, jogando
com a imagem dos personagens. O
assassino é sexy e vice-versa. E isso
deixa a história imprevisível."
O diretor negou que sua intenção
ao explorar o tema ganância seja
fazer uma representação da sociedade norte-americana -em
"U-Turn", o dinheiro está por
trás de cada desgraça que acontece. "Os americanos são loucos por
dinheiro, mas esse aspecto é universal. Achei interessante mostrar
amantes se matando por uma maleta de dólares."
No filme, quem seduz Sean Penn
é Jennifer Lopez -mas a primeira
opção do diretor para o papel era
Sharon Stone, que acabou recusando o trabalho por considerar o
cachê muito baixo. "Jennifer será
uma estrela. Ela consegue roubar o
status de protagonista de Penn."
Sobre sua habilidade em extrair o
máximo dos atores, Stone disse
que o segredo está em fazê-los
acreditar no que eles são capazes
de fazer. "Os atores fazem coisas
novas trabalhando comigo. Eu
costumo tirá-los de seu posto confortável. Penn, por exemplo, faz o
papel de vítima nesse filme, o que
quase nunca acontece."
Entre os próximos projetos do
diretor destaca-se a sequência de
"Missão Impossível". "Mais
uma vez, gostaria de enveredar por
um caminho que eu ainda não conheço. Se eu fizer, o que ainda não
está certo, vou tentar combinar
ação com filosofia do futuro."
Existe a possibilidade de o diretor retratar nas telas a vida de mais
um político da história dos EUA.
"É muito difícil fazer um filme político nos EUA porque a mídia é
conservadora. Antes mesmo de
você lançar a obra, eles dizem que
os fatos serão distorcidos."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|