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Coutinho e Rosa repassam seus fins e princípios
DA ENVIADA A ARAÇÁS
Numa luz minguante de
domingo, encerradas as visitas aos personagens de seu
filme, Eduardo Coutinho alinha duas cadeiras, de costas
para o quintal onde se viu "O
Fim e o Princípio".
Era o cenário para a última
conversa do cineasta em
Araçás. Olhos fixos em Rosa,
o diretor encadeia suas perguntas. Por último, uma curiosidade: se convidada, a
professora trocaria o sertão
pelo Rio e a sala de aula pela
produção de cinema?
Era o jeito de Coutinho desejar a Rosa um novo princípio. A agente da pastoral da
criança diz que só sai de Araçás com o aval dos pais.
"Porque conselho de pai e
mãe é sempre para o bem."
Ponto final no diálogo, Rosa pergunta ao diretor se ele
concorda em trocar de papel. Ela quer entrevistá-lo.
Coutinho odeia dar entrevistas. Mas, em Araçás, ninguém diz não a Rosa.
"O senhor sente-se mal
quando lhe chamam de velho?", ela indaga. "De velho
não, de senhor, sim", ele responde. Dificilmente o diretor já terá ouvido pergunta
mais direta. Uma dúvida, no
entanto, Rosa calou. "Queria
saber se nossa amizade continua", ela segreda à Folha.
Que resposta Rosa imagina para sua silenciada pergunta? Ela se cala de novo. E
sai do silêncio: "Acho que ele
ia dizer que continua. Mas
também podia responder
que isso é só uma profissão".
Entre o fim e o princípio, a
volta de Coutinho a Araçás
terminou com a eterna dúvida sobre o que se conquista
durante a vida.
(SA)
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