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CRÍTICA
Nem o sobrenatural desafia caretice dos seriados
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O sobrenatural, vira-e-mexe, dá as caras nas séries
de TV. Nesta última leva que estreou em novembro, pelo menos
três (ou quatro, se considerarmos que extraterrestres são um
assunto afim) lidam com fenômenos de explicação nebulosa.
"Ghost Whisperer" e "Medium"
(às 19h e às 20h, segunda na
Sony), "Supernatural" e "Invasion" (terça e domingo, às 22h,
na Warner) tentam pegar carona
no sucesso de "Lost" ou recuperar o charme de "Arquivo X",
mas nenhuma delas chega nem
sequer perto de um ou outro.
O engraçado é que, noves fora
espíritos, fantasmas, seres de outro planeta, mortos-vivos, maldições etc., em todas elas o entorno
é de uma caretice sem igual. Os
humanos dessas séries vivem
imersos em questões comezinhas da vida doméstica, dramas
familiares ordinários e personalidades muito, muito comuns. Os
elementos não-humanos, por
sua vez, pertencem a uma galeria
já bem explorada de clichês.
"Ghost Whisperer", por exemplo, recicla um motivo bastante
recorrente de ficção fantástica. A
doce, meiga e absolutamente
inexpressiva Jennifer Love-Hewitt, que depois de "Party of Five" não teve nenhum papel relevante, ouve gente morta que ainda não conseguiu "passar para o
outro lado". E, claro, as ajuda a
resolver suas pendências sentimentais na Terra para poder "fazer a travessia". O cinema já usou
essa idéia muitas vezes, com resultados de médio para baixo; na
TV, episódio após episódio, certamente não será melhor.
"Medium", pelo menos, tem
Patricia Arquette, uma atriz com
alguns recursos, mas tem o terrível defeito de se levar a sério. Os
poderes paranormais da jovem
mãe representada por Arquette
são usados para resolver crimes,
quase que tão mecanicamente
quanto o povo de "CSI" reúne as
provas "científicas". De resto, há
a família e seus problemas cotidianos com a clássica contraposição entre a filha "ajustada" e a
"esquisita", só que aqui o assustador é que não se tratam de adolescentes, mas de duas crianças
com menos de 10 anos.
Em "Supernatural" há dois irmãos em busca do pai, que era,
por sua vez, um caçador de criaturas malignas e desaparece misteriosamente. Com os agentes
Mulder e Scully, eles enfrentam
manifestações do mundo sobrenatural diferentes a cada episódio. Mais sombrio e misterioso
que os outros, o seriado entretanto enreda-se excessivamente
no drama - de novo, a rivalidade entre irmãos e uma mãe morta prematuramente em circunstâncias inexplicadas dão pano
para a enrolação sentimental.
Em "Invasion", pelo menos, há
um mundo mais caótico. As coisas estranhas envolvendo a presença de extraterrestres começam a acontecer em uma cidade
devastada por um furacão. Se o
cenário é menos comportado,
por outro lado, há uma paranóia:
é a ex-mulher do herói a principal suspeita de estar sob influência maléfica dos invasores...
@ - biabramo.tv@uol.com.br
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