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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Tomara que não caia
Vestidos tomara que caia tomam conta do país no verão; fashionistas dão conselhos para o look não tombar
O nome só pode ter sido inventado por um homem (ou
por uma mulher com segundas
intenções): tomara que caia. E,
seja por influência inconsciente desse desejo travestido em
palavra, seja por erro no design,
o fato é que o efeito puxa-para-cima é um dos grandes inimigos de um dos decotes mais
usados em todo o mundo.
Clássico de tapetes vermelhos e looks de festa, o tomara
que caia é uma das tendências
para o verão e já está com tudo
nas ruas de São Paulo.
O decote, usado em blusas,
macacões e vestidos, apareceu
nas últimas coleções de Gloria
Coelho, André Lima e Juliana
Jabour e também nas passarelas de grifes como Marc Jacobs
e Balmain. "O tomara que caia
está em alta em todo o mundo,
mas tem força ainda maior em
países tropicais de clima quente, como o Brasil", diz o stylist
norte-americano Alvaro Salazar, que trabalha para marcas
como Stella McCartney, Oscar
de la Renta e Ralph Lauren.
A maioria das mulheres cai
de amores por esse modelo,
muito sedutor, mas, na hora escolher o look para botar no armário, é melhor levar alguns
detalhes em consideração (leia
quadro nesta pág.). "Se a peça
balança, é porque está vestindo
mal", afirma a stylist Olivia
Hanssen, do blog Oh!. O tomara
que caia é tão complicado que,
segundo Olivia, tem etiqueta
própria. "Caso o vestido saia do
lugar, seja fina e vá ao banheiro
para arrumar", diz.
A estilista Gloria Coelho, que
fez alguns longos tomara que
caia cobiçados por noivas e festeiras, coloca ainda mais restrições ao uso do modelito. Na
cartilha da designer, moças de
seios fartos deveriam passar
longe desse decote. "O tomara
que caia é um clássico festivo,
mas não é para todas. Quem
tem busto grande pode tentar
equilibrar a silhueta marcando
a cintura, mas não quer dizer
que vá ficar elegante", alfineta.
Nas ruas, porém, a lei é outra.
Seios pequenos, grandes e, inclusive, siliconados, fazem
questão de entrar na onda do
tomara que caia, mesmo sem o
aval da realeza fashion. A empresária Ana Canatte, 38, resolve a equação entre decote e
busto imponente apelando a
um sutiã de confiança. "Assim
fico à vontade e resisto à mania
de puxar o vestido", conta. Já
sua amiga, a também empresária Lígia Vieira, 35, apelou para
a alça. "Os modelos de um ombro têm melhor ajuste", diz.
Mesmo jogando no time dos
seios discretos, a vendedora
Marina Nascimento, 33, não
dispensa o sutiã do tipo faixa,
"para não deixar nada escapar".
E, para neutralizar o look, troca
os saltos altos por rasteirinhas
quando usa o tomara que caia
como uniforme de trabalho.
"Acho que tira o peso sexy do
decote. É um detalhe, mas faz
toda a diferença", diz, tentando
revelar algo sobre a complexa
alquimia fashion feminina.
Design à parte, em termos semânticos, esse decote pesa
mais sobre os colos das brasileiras. "Strapless" (sem alças) para as americanas e "robe bustier" (vestido de busto) para as
francesas, a versão da língua
portuguesa é a mais provocadora: traz embutidos o olhar
alheio e a torcida para que o
corpo feminino brote, enfim,
acima dos tecidos.
por VIVIAN WHITEMAN
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