São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

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ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Tomara que não caia

Vestidos tomara que caia tomam conta do país no verão; fashionistas dão conselhos para o look não tombar

O nome só pode ter sido inventado por um homem (ou por uma mulher com segundas intenções): tomara que caia. E, seja por influência inconsciente desse desejo travestido em palavra, seja por erro no design, o fato é que o efeito puxa-para-cima é um dos grandes inimigos de um dos decotes mais usados em todo o mundo.
Clássico de tapetes vermelhos e looks de festa, o tomara que caia é uma das tendências para o verão e já está com tudo nas ruas de São Paulo.
O decote, usado em blusas, macacões e vestidos, apareceu nas últimas coleções de Gloria Coelho, André Lima e Juliana Jabour e também nas passarelas de grifes como Marc Jacobs e Balmain. "O tomara que caia está em alta em todo o mundo, mas tem força ainda maior em países tropicais de clima quente, como o Brasil", diz o stylist norte-americano Alvaro Salazar, que trabalha para marcas como Stella McCartney, Oscar de la Renta e Ralph Lauren.
A maioria das mulheres cai de amores por esse modelo, muito sedutor, mas, na hora escolher o look para botar no armário, é melhor levar alguns detalhes em consideração (leia quadro nesta pág.). "Se a peça balança, é porque está vestindo mal", afirma a stylist Olivia Hanssen, do blog Oh!. O tomara que caia é tão complicado que, segundo Olivia, tem etiqueta própria. "Caso o vestido saia do lugar, seja fina e vá ao banheiro para arrumar", diz.
A estilista Gloria Coelho, que fez alguns longos tomara que caia cobiçados por noivas e festeiras, coloca ainda mais restrições ao uso do modelito. Na cartilha da designer, moças de seios fartos deveriam passar longe desse decote. "O tomara que caia é um clássico festivo, mas não é para todas. Quem tem busto grande pode tentar equilibrar a silhueta marcando a cintura, mas não quer dizer que vá ficar elegante", alfineta.
Nas ruas, porém, a lei é outra. Seios pequenos, grandes e, inclusive, siliconados, fazem questão de entrar na onda do tomara que caia, mesmo sem o aval da realeza fashion. A empresária Ana Canatte, 38, resolve a equação entre decote e busto imponente apelando a um sutiã de confiança. "Assim fico à vontade e resisto à mania de puxar o vestido", conta. Já sua amiga, a também empresária Lígia Vieira, 35, apelou para a alça. "Os modelos de um ombro têm melhor ajuste", diz.
Mesmo jogando no time dos seios discretos, a vendedora Marina Nascimento, 33, não dispensa o sutiã do tipo faixa, "para não deixar nada escapar". E, para neutralizar o look, troca os saltos altos por rasteirinhas quando usa o tomara que caia como uniforme de trabalho. "Acho que tira o peso sexy do decote. É um detalhe, mas faz toda a diferença", diz, tentando revelar algo sobre a complexa alquimia fashion feminina.
Design à parte, em termos semânticos, esse decote pesa mais sobre os colos das brasileiras. "Strapless" (sem alças) para as americanas e "robe bustier" (vestido de busto) para as francesas, a versão da língua portuguesa é a mais provocadora: traz embutidos o olhar alheio e a torcida para que o corpo feminino brote, enfim, acima dos tecidos.

por VIVIAN WHITEMAN



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