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"Monella' bateu "Titanic' na Itália; e daí?
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Na Itália, onde o Vaticano
também se faz presente como o
vizinho caxias que fiscaliza o
comportamento dos moradores do bairro, Tinto Brass é
considerado um mestre do cinema erótico.
Segundo a distribuidora de
seu filme no Brasil, "Monella, a
Travessa" ("Monella"), a "moleca" de Brass que chega hoje às
telas paulistanas, conseguiu,
em 1997, na terra de Dante, superar a bilheteria de "Titanic".
Mesmo que a distribuidora
jure sobre a "Bíblia" estar dizendo a verdade, os mais de 10
mil km de distância entre o
Brasil e a sede do catolicismo,
bem como a brisa que arejou os
balangandãs de nossos antepassados na época dos colonizadores, vão acabar impedindo
que esse sucesso se repita por
aqui.
As mil e uma tomadas da
mesma bunda inexpressiva,
que em nossos televisores não
aparece tão chocha nem mesmo em comerciais de alvejante,
prometem entediar o espectador tapuia até as lágrimas.
Lola, a moleca do título, não
quer ser respeitada. Fogo que
sobe serra, seu único objetivo
na vida é provocar Tommaso, o
noivo padeiro, a chegar às vias
de fato.
Ocorre que sexo -especialmente depois do advento do videocassete- não é esporte para espectadores da sala escura
do cinema.
Hoje, filme pornô se aluga ou
se assiste em sessões vespertinas daqueles cinemas coalhados de office-boys no centro da
cidade.
E, por estas bandas, filme que
patina entre o "softcore", o
meia-bomba que provoca, provoca, mas -para evitar as malhas da censura- nunca chega
a um digno explícito, e o moralismo de uma virgindade roubada, que se traduz em final feliz de véu e grinalda, só pode
ser encarado por nós, bororós,
no máximo, como um "Power
Rangers" impróprio para menores de 11 anos.
²
Filme: Monella - A Travessa
Produção: Itália, 1997
Direção: Tinto Brass
Quando: a partir de hoje, nos cines
Ipiranga 1, Center Iguatemi 2, Belas
Artes-Aleijadinho e circuito
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