São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2001

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MUNDO GOUMERT


La Fortuna foge da mesmice dos restaurantes em flats



JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA



A tônica dos últimos meses em São Paulo foi a abertura de restaurantes em edifícios de flats, com a expansão dessa modalidade hoteleira. Restaurantes parecidos entre si, no ambiente e no cardápio. Uma mesmice da qual o La Fortuna, mais um deles, foge um pouco.
Ao contrário de outros da mesma empresa, o salão deste é mais frio e amplo, tem mesas de vidro sem toalha e, no fundo, um terraço aberto com água jorrando. O cardápio também tem algo de original. Trata-se de cozinha italiana, mas apresentada em duas versões.
Numa delas, assinada pelo consultor Sílvio Lancellotti (cujo nome vem grafado errado no cardápio, assim como os de vários pratos), as receitas italianas são tradicionais e apresentadas em suas versões originais, tal como foram concebidas ou são aceitas hoje na Itália. Exemplo clássico é o filé à parmigiana que, como o nome diz, na Itália é coberto com queijo parmigiano (o parmesão).
Já na outra seção do cardápio, assinada pelo chef Luis Cezimbra, o gaúcho de 52 anos que é o titular da casa, os pratos apresentados têm mais a cara de sua adaptação, feita no Brasil. No mesmo exemplo, nessa outra versão, o filé à parmigiana é coberto por mozzarella, como se tornou habitual nas cantinas paulistanas.
De um lado, spaghetti alla bolognese com o ragu de carne oficial da academia italiana; de outro lado, picanha com batata corada. Mas também há invenções no menu tradicional, assim como no abrasileirado há pratos fiéis aos originais.
Propriedade de dois mineiros (Sílvio Humberto Maia, 52 anos, e Lélis Feliciano, 48), o La Fortuna escorrega ao perder o ponto dos frutos do mar ou ao servir as versões dos filés à parmigiana quase sem molho, mas mantém um padrão de correção e interesse que destoa positivamente da modorra dos flats.


Cotação: $$°Avaliação: regular



Restaurante: La Fortuna (al. Santos, 981, Paraíso, zona sul, tel. 0/xx/11/283-3774)
Horário: de seg. a dom., das 12h às 14h30 e das 19h à 0h
Ambiente: frio, um salão comprido com mesas de vidro e terraço aberto no fundo
Serviço: correto
Cozinha: italiana, em versões original e abrasileirada
Quanto: entradas, de R$ 6 a R$ 18; pratos principais, de R$ 12 a R$ 35; sobremesas, de R$ 3,50 a R$ 8



$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim  

CONTRASTE
Cidade tem japoneses variados
Dois extremos em matéria de restaurante japonês. De um lado, o Tanaka (av. Juriti, 324, Moema, tel. 0/xx/11/5051-2731), pequeno restaurante de Moema cuidado pelo sushiman (o próprio Tanaka) e sua mulher, onde se pode encontrar um magnífico toro (a barriga do atum, aquela bem gordurosa, pela qual os japoneses são capazes de tudo). De outro, o Akashi (av. Nove de Julho, 5.479, Itaim Bibi, tel. 0/xx/11/3079-8523), onde a fórmula é a do japonês popular: no andar de baixo, a gritaria do karaokê, e no de cima, a rapidez do rodízio de sushi, ocupado principalmente por um público jovem e com dinheiro contado.

DE OLHO
Napoleone tem oferta de vinhos
Um lugar que anda meio esquecido é o Napoleone (r. Lourenço de Almeida, 743, Vila Nova Conceição, tel. 0/xx/11/3845-4442). Mas sua cozinha francesa modernizada continua tendo qualidades, bem como seu estilo, que apesar de certa afetação, lembra a atmosfera de uma sala de jantar. Vale a visita. O problema são os preços, que assustam. A compensação é dada pela oferta de vinhos, com boas garrafas que, aí sim, têm preços razoáveis.


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